terça-feira, 2 de agosto de 2022

 Flex-office ou a distopia da entropia


Uma vez enunciei um problema baseado em várias experiências práticas de utilização de um sistema de bicicletas de livre serviço existente em Paris.

Esse enunciado, sei-o agora, relendo-o uns quase dez anos depois, não era outra coisa senão uma descrição do efeito de atracção gravitacional dos buracos negros massivos que tão ocupados mantêm os crâneos de ovo do CERN, da NASA, e de outros departamentos científicos com mais ou menos prestígio. A principal diferença é que no meu texto, pese a minha humildade o que pese, a aplicação prática traria benefícios muito mais tangíveis à população de uma cidade europeia que qualquer satisfação que possa ser proporcionada por um telescópio que está a tentar encontrar luzes que só veremos em alguns anos.


Mas, diga-se em abono da verdade, o que são 3 milhões de anos-luz quando a resposta a um texto de um blog chega com uns 10 anos de atraso, cortesia de Carlos Monteiro, no less? Pior, de que serve falar de bicicletas num mundo em que homens de barba rija, fato Armani e pasta com um Mac portátil vão trabalhar de trotineta? De nada, não é? É!


Então, exploremos o problema gravitacional dos dossiers desarrumados numa secretária de procrastinador… Quantos de nós chegam às 18h30, desligam o interruptor e pegam no carro ou apanham o metro para ir para casa com a consciência de que deixaram o dia verdadeiramente acabado? Não, não, eu sei, calma!, não estou a falar de nós, estou a falar de NÓS! De nós, nenhum, sei-o bem, mas entre NÓS, espécie diversa e variada, há-os e -as que não se levantam da mesa sem :

  • Ter lido o último mail da pilha de (anteriormente) não lidos

  • Ter respondido a todo e qualquer dos precedentes que tenha pedido resposta

  • Ter feito o balanço dos sucessos e falhanços do dia

  • Ter revisto minuciosamente a agenda do dia seguinte e eventualmente preparado para uma ou outra reunião

Chamem-lhes psicopatas, adjectivem-nos de sociopatas,... peçam-lhe aumentos! São os vossos CEO ou candidatos ao comité de direcção. São trabalhadores, inteligentes, atentos ao detalhe e têm a mesa num brinco. São robots desprovidos de humanidade ou empatia!

E são as principais vítimas do conceito de Flex-office, organização do espaço de trabalho potenciada pela pandemia do Coronavírus em que se privilegiou o tele-trabalho desde que se pudesse manter o tempo total de trabalho, reduzir despesas de aluguer e aumentar a motivação de trabalhadores que estavam eles próprios transformados em autómatos das nove às cinco.


E porquê? Porque o Flex-office, conceito que implica uma área de trabalho inferior ao necessário pelo número de trabalhadores (pressupondo 1, 2 ou 3 dias semanais de trabalho em casa), sem secretária atribuída e com salas de reuniões espalhadas por todos os cantos, também implica o fim da atribuição de um espaço a uma pessoa. E a escolha a cada manhã, de forma livre e às vezes imprevista, do sítio onde vamos sentar o rabinho pelo resto do dia.


Lembro-me agora de um amigo, agora reformado que, trabalhando numa empresa do ramo automóvel, se via proibido de qualquer personalização do lugar de trabalho (como por exemplo, fotos dele a jogar golf ou dos filhos a babarem-se para a câmara fotográfica). No entanto, contava-me que quando a empresa decidiu deitar abaixo as separações dos escritórios, o dele se distinguia no tecto pela cor negra do tabaco fumado à secretária durante alguns anos. Outros tempos…


Acontece que agora acabaram mesmo as personalizações, finito para as fotos nas paredes ou em cima das mesas. Mas, mais importante, honra à lei da gravidade que puxou para as lavas incandescentes do centro da terra todo e qualquer dossier que queira ganhar pó em cima de uma mesa após oito, dez ou doze horas de serviço.

Porque nada pode sobreviver mais de um dia nas assépticas secretárias do espaço de trabalho comum, com risco de encontrar de hoje para amanhã uma viagem do patrão mais autocrático ao sindicalista mais empedernido. O que talvez não fosse bom para nenhum dos dois.


Daí a questão das vítimas: estamos todos condenados a agir como se fôssemos esse psicopata.

Leia-se então o relatório de 56 páginas, faça-se os comentários que têm que ser feitos e passe-se a outra coisa. Exit à procrastinação e à sesta à sombra da macieira à espera de ver manifestar-se a grave lei da física que nos pôs os pés na terra e a cabeça pesada.


Mas deixem-nos lá esperar pelas férias grandes, mesmo que de apenas alguns dias se façam…


sábado, 19 de novembro de 2016

2016-09-04

Lembro-me de me esperares naquela mesma saída em Saint Pancrass, daquele pianista que tanto te comovera: sem-abrigo, doente mental e, no entanto, virtuoso e culto a manusear aquele piano público.
Lembro-me de te abraçar, daquele nosso sorriso, da alegria de nos encontrarmos após uma viagem de Eurostar cheia de incidentes, em que houve mesmo a ameaça de refazermos o percurso de volta a Paris, naquela noite em que festejávamos o teu aniversário.
Lembro-me que, de cada vez que eu vinha, tinhas o “meu” Oyster preparado, tinhas o percurso planeado (como sempre tinhas aonde quer que fôssemos).
Mas não quero que este texto (este fim de tarde) se torne melancólico e saudoso. Quero sentir-me bem por estar de novo em Camden Lock. Quero sorrir á ideia de encontrar um amigo, e quero aproveitar esta cerveja fresca entre os Londoners. E, bem… como é que dizia a t-shirt que ainda agora cruzei? “I do nothing; I just drink and know things”.

Só que eu não sei “coisas”. Eu não sei nada, na verdade…

domingo, 13 de setembro de 2015

Um ano...
Faz um ano
12 mêses
365 dias
Passa rápido
O tempo passa cada vez mais rápido
Um ano...
12 mêses...
365 dias...

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Chronique d'un apéro (voire plus) III

Ça faisait un bon temps que cette soirée était posée dans nos agendas et pas un seul jour s'est passé sans que je fantasme avec ces jambes. Oui. Malgré moi. J'essayait de l'arrêter, de m'écarter, d'en décrire une impossibilité, de m'instiller une sagesse pour ne faire que le plus correcte, le plus attendu.
Mais la vie est ainsi faite que l'inattendu arrive. Et puisque c'est inattendu on ne sait jamais où ça va nous mener. Passons donc l'expresso, je passerai aussi la bouteille de Sancerre et je me laisse penser tout seul sur ce qui s'est passé après.

Le voilà juste quelques vingt heures après ce café, il est à côté de cette boulangerie pas loin du bois de Vincennes. Pour un nouvel apéro. Et un nouveau réveil...

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Chronique d'un apéro (voire plus) II

Puisque c'est finalement si rare qu'on se trouve les deux au cœur du 14ème, votre humble critique a décidé de jouer la carte, de faire un all-in, de tout parier sur un hamburger place Flora Tristan. Flora Tristan fut une écrivain et activiste socialiste. Elle est une des fondatrices du féminisme moderne. Mais on est pas dans le supplément culturel du Libé. Avançons donc. C'est dans le Restaurant de la Place, à côté de l'Imprévu (à Paris, c'est obligatoire d'avoir au moins un Imprévu par arrondissement – et un « Au métro »par bouche métro mais ça, c'est une autre chronique) qu'on trouve une (j'ai bien dit:une!) table qui nous attendait. Bref... ne faisons pas de critiques de circonstance. Le burger y est très bon et nous étions très motivés à faire descendre une bouteille de vin blanc. Comme on connaissait personne à côté on l'a descendue nous mêmes (ce qui s'est avéré une excellente idée).
Qu'est-ce que fait que la parole se libère entre deux personnes, qu'elles ne restent pas coincés dans un silence dérangeant par manque de sujet ou d'intérêt ? Qu'est-ce que fait qu'elles aient envie de suivre, de continuer la soirée, qu'elles oublient la fatigue des derniers jours ou l'agenda du lendemain ? Non, ce ne sont pas de questions rhétoriques et j'ai bien la réponse : c'est un bon café expresso !
Sauf que celui qui tape en ce moment sur ce clavier QWERTY ces impressions d'une soirée ne fait pas trop confiance á l'expresso Français. Non qu'il soit pas bon, c'est juste qu'il n'est pas... bon. Notons de toute façon le burger, le vin et les garçons qui nous ont servis.
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Café-brasserie de la Place, 58 rue de la Sablière, 14ème
Atmosphère 5/5
Prix € (mais on ne se souvient plus, au fait)
Musique N/A (et on chantait pas encore, mais presque)
Compagnie 5* (and getting better)
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Et sinon, il n'y a pas de tactique. Je pourrais vous parler longuement de l'organisation sur le terrain de jeu d'un 4-3-3 orienté vers l'attaque où les défenses latérales montent quand on a la possession du ballon ou un triangle au milieu du terrain fait office de poumon de l'équipe où les deux points qui relient la base doivent être infatigables dans la destruction du jeu adversaire mais constructifs quand nous attaquons et qu'ils doivent faire arriver le ballon au sommet de devant, le numéro 10 qui est le cerveau, l'organisateur, le stratège, mais aussi le cœur et les pieds. Oui, oui, je pourrais essayer de vous parler tactique, mais est-ce le moment ? Non, parce que rien de tout ça n'a rien de tactique (et je pourrais vous expliquer après) car même s'il y a l'envie et l'espoir il n'y a pas forcément une préparation. Mais c'est tout très compliqué. Attendons le chapitre III pour ça (et encore, c'est pas promis). Pour l'heure, reste à savoir qu'elle a été jouée, la carte de l'expresso, un des secrets les plus bien tenus de Paris. Le meilleur café de Paris se trouve en effet pas très loin, c'est au 31 de la rue R... Et puisqu'un secret n'est un secret que s'il reste un secret nous sommes en train d'y arriver sans nous faire remarquer par aucun de vous, chers lecteurs. Avec mes excuses...

domingo, 2 de agosto de 2015

Chronique d'un apéro (voire plus) I

S'il vous arrive d'être à Fontenay-sous-bois, vous repérerez la Boulangerie Centrale, place Moreau David. Ça fait plus de 25 ans que Madame Duvernet y propose sa délicieuse baguette tradition, ses viennoiseries et les pâtisseries par elle soigneusement préparées.
Mais ce n'est absolument pas pour ça que nous sommes venus jusque là. En fait, si vous vous trouvez de ce côté du bois il faut surtout prendre le RER. Direction : Paris ! Et si c'est le matin et qu'on est, disons... mercredi... et – admettons – que vous bossez et que votre lieu de travail est dans une banlieue du sud Parisien, alors, dans ce cas-là n'hésitez pas à changer de ligne au Châtelet. Oui, c'est ça ! Puisque vous avez la chance d'avoir un boulot, prenez la ligne B et occupez au mieux les huit prochaines heures. Parce que c'est le meilleur moyen de faire venir vite notre apéro.
Supposons maintenant que vous êtes un garçon plutôt sympa et que la belle et attirante fille, celle de la paire de jambes bien bronzées qui finissent jamais, oui, oui, celle-là qui bosse à la Com' ou au département Marketing, vous voyez ? Supposez que cette fille, disais-je, est au point non seulement de prendre un apéro avec vous (oui, vous!) comme, en plus, elle est pas frileuse pour venir rive gauche, sans doute même pour rester ouest de Paris.
Épargnons le circuit du RER-métro car il fait trop chaud dedans par ce fin d'après-midi de juillet et arrêtons-nous donc au Tournesol. Ce sympa bistrot entouré de théâtres et pas loin des boutiques X Rue de la Gaîté a une table (jaune ? rouge ?) au soleil. 
Pour tous vous dire, d'où ces deux aimables et souriantes personnes se sont assises, on peut voir les gens qui passent, les serveurs qui passent (ce qui est important quand on a besoin d'« encore un verre! ») et le soleil qui est toujours haut sur la rue du Maine et son petit square. Et qu'est-ce que le ciel est beau ce jour là !
C'est donc déjà un bon point pour ce tournesol qui passe du très bon jazz à l'intérieur. Heureusement, on n'est pas capables de l'écouter à l'extérieur. La déco de la terrasse est plutôt gaie avec les tables et les tabourets, entre le jaune et le rouge (est-ce que je l'avais déjà dit ?). Il y a de la place. En fait, il y a quelques tables qui allongent la façade mais il y a surtout une belle terrasse du côté, vers l'impasse perpendiculaire à la Gaîté dont je ne veux pas me rappeler le nom. Cependant, n'arrivez pas tard, tout risque d'être occupé malgré le personnel, réputé très antipathique. Alors ça, c'est un point important. Primo, on est quand même des parigots (ou aspirants à) et donc un serveur insolent ne doit pas trop nous offusquer ; secundo, le jour où nous sommes venus ils ont été irréprochables. Et non seulement ils nous ont rechargé les pop-corns AVANT qu'ont les ait finies, comme on avait AUSSI des olives. Nous n'avons donc pas confirmé la proverbiale indifférence du personnel, remarquable – dit-on – même pour les standards parisiens.

Et, principalement, – et qu'est-ce qu'on aurait pu se passer du reste – le vin blanc était frais et de qualité et les Margaritas (quatre au total car on aime bien tester avant de critiquer) étaient très équilibrées. On aurait préféré de la fleur de sel breton, un tout petit peu plus de tequila et un citron de l'après-midi, mais on ne peut pas tout avoir. Et pour tout vous dire, et ÇA c'est vraiment le plus important, la conversation était tellement vive que votre humble chroniqueur et votre charmante photographe ont décidé d'aller tester un hamburger de l'autre côté de l'avenue du Maine...
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Le Tournessol, Gaîté, 14e
Atmosphère 5/5
Prix €€
Musique ###
Compagnie 5*
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segunda-feira, 13 de julho de 2015

A sacola

O mundo é um lugar bonito. Comprei esta sacola em Londres. Não sei em que ocasião, mas lembro-me que a S... não gostou dela. Sei que quase rezou para que eu a perdesse e digam lá que não acreditam em super-poderes! Hoje perdi-a (e recuperei-a) pela terceira vez. Quero dizer, no mínimo a terceira vez, posso estar a esquecer-me de uma ou de outra. E seguramente deixei-a mais vezes aqui ou ali. Mas foi a terceira vez num local público, onde pouco provavelmente a reencontraria e de onde não deveria ter saído sem olhar para as cadeiras da mesa onde estava sentado.
A nota é so para dar uma dimensão do tamanho. mas pago um copo, se quiserem!

A primeira vez foi uma noite no 138, rue Faubourg Saint-Antoine. Nessa noite estive com o Duarte e o Matteo e eles chatearam-se à brava. Barbaramente, mesmo. No início da noite tinha pendurado a sacola num cabide, deixando bem claro que alguém teria que lembrar-me que o tinha feito antes de sair. Acontece que eles chatearam-se duramente (não sei se já disse) e que eu estive entretanto a falar de tido e de nada com um grupito de pessoas que lá conheci. Até partilhei táxi com três dessas pessoas. No dia seguinte, um Domingo, quis pegar na Classic Rock que estava a ler e veio a constatação. Tinha deixado a maleta no tasco. Liguei para lá mas ainda não estavam abertos. Dei uma hora e voltei a ligar. Disseram que não sabiam. Teria que esperar pela "equipa da noite". Impaciente, peguei numa bicicleta e rumei au Faubourg Saint-Antoine. Torturava-me um papelito que lá estava dentro, um projecto de letra de canção, primeira e única que escrevi em francês, parecia-me importante não perder aquilo (obviamente a letra não tinha interesse nenhum, mas manias são manias). Chegado ao bar perguntei se tinham encontrado uma sacola. "Uma cinzenta?" Yesssss! Acho que nem precisei de dizer o que tinha dentro para provar que era minha. Voltei de metro a ler a Classic Rock que lá estava dentro (não, não esqueci a bicicleta, eram duas rodas propriedade da Mairie, alugadas a alguns cêntimos a hora).

Um belo dia, já na fase "on my own" da minha vida, acordo numa cama diferente, em casa de uma simpática moça, para os lados de Arts et Métiers. Conversamos um pouco, o Sol invadia o pequeno loft num quarto andar. Conversamos um pouco mais. Vesti-me e perguntei onde estava a minha sacola. Procurei como um desalmado. Estava a meio de um interessante conto de um livro de Luis Fernando Veríssimo e o livro tinha ficado na sacola. Mas não valia a pena revirar o apartamento. Estava na cara que o tinha deixado no restaurante onde tinha comido numa mesa de quatro pessoas com quem tinha saído. Saí com a Cécile e fomos à Montorgueil comer algo num traiteur italiano. Era Domingo no mundo, um Domingo quente numa Paris estranhamente calma. Esperei pela Segunda-feira para ligar para o restaurante, mas ninguém me atendeu. À saída do trabalho, passei no tasco, aquele restaurante de bons hamburgueres sito no 1, Place de Bastille. Que não, que não tinham nada. O empregado, um tuga, lembrava-se de mim, tentou ajudar, mas nada. Dei voltas à cabeça. Fui tomar um chá a casa da Cécile. Simpática Cécile (gostou de mim, a rapariga, que acabou mais tarde por apagar o meu número da lista dela, mas isso é outra estória). Acabei por regressar a casa. Além do livro, torturava-me outro papelito, um Cadavre Exquis que um dia tinha feito com a N..., que estaria agora irremediavelmente perdido. Em casa, atinge-me um pensamento: antes do restaurante tinha bebido duas pints no Bottleshop. Terça-feira, saído do trabalho, zarpo ao Bottleshop et voilà. Directo! Uma coisa em falta: um carregador de bateria portátil que me tinham oferto quando fiz uma apresentação para uma associação a que pertenço. Acabei o conto (uma visita frustrada da morte a uma família brasileira) no metro para casa). se não estou em erro, fotografei o Cadáver Esquisito nessa mesma noite.

Hoje saí com a Marise, o projecto era irmos ver o Velasquez, cuja espera de uma hora nos fez embarcar para um copo em Quai de la Gare. Há pouco pensei em pegar nos meus auscultadores para ir ouvir uma antiga guitarrada que gravei. E... espera! Onde é que deixei a sacola? Contas feitas, tinha deixado bem aqui ao lado. O fim da estória é sabido: o empregado comunicou que tive sorte, que eles viram antes e blá blá blá. Para mim foi a terceira vez. Fiz o inventário de cada compartimento enquanto vinha para casa:
  • O livro dos pensamentos - check
  • Um pacote de rebuçados - ok
  • Algumas esferográficas - ok
  • 50 € em cheques-prenda (nenhuma relação com a nota na fotografia acima, a não ser o valor) - surprise!
  • Mais uma esferográfica - fixe
  • Os fónes! (elemento que me fez sentir falta da sacola) - check
  • Alguns lenços de papel - porque não?
  • Uma outra esferográfica - (!!!)
  • Dois preservativos - A sério!! Nem sequer imaginava, nenhuma ideia...
  • O tal do Cadáver Esquisito - Esquisito, não?
E pronto... à terceira (ainda) não foi de vez!

domingo, 12 de julho de 2015

Pois pois, é domingo no mundo. Dia de responder a mails e mensagens... #nemesis #bete_noire

sábado, 6 de junho de 2015

Imaginas a pena que tenho de ti? É ainda maior do que a pena que sinto por mim próprio. A sério. Não é figura de estilo e que pena que tenho que não entendas puto da língua portuguesa para perceberes tudo isto mas não me está a apetecer escrever em chinês. Desculpo-me por esse facto. Aliás, é a única coisa pela qual me desculpo. Incrível que tenha ido ao teu funeral há já algum tempo e tu me voltes desta forma ao pensamento. Mais incrível é o pensamento me aparecer ainda com amargura (apesar da pena que tenho de ti). Porque essa pena não é uma compaixão por alguém que não é ajudado apesar das injustiças que sofre, mas antes por alguém que tem tudo o que quer mas não sabe o que quer (nem quer o que sabe). E - fuck - como a vida me corre bem no absoluto. Sim, fui usado. recentemente senti-me USADO. Mas - quem sabe? - até tenha sido bom ter sido usado? Uma dimensão diferente... Apercebi-me disso quando o jogador de cricket ameaçou vir a casa bater-me com o bastão. Ou terá sido um jogador de hóquei com o stick? Não me lembro, tudo é uma mélée no meu cérebro (é assim que se escreve mélée? não sei, tenho nojo de saber). E quando essa ameaça revelou que as palavras doces podes ser quase extremas mas são palavras, mesmo algumas acções importantes podem não passar de acções esporádicas, tudo se desfez em poeira. Repara, não desabou, não ruiu com estrondo, não explodiu... desfez-se em poeira...
E tu morta, vês? Tu morta e enterrada e eu nisto...
Quando penso no terrível acidente que sofreste quase fico contente por já ter sido depois de tudo. A sério... imagina que ele tinha ocorrido num momento... ou em outro... Jizzzzz... ia ficar uma incógnita, uma puta de uma cicatriz que nunca mais desaparece...
E eu que sou dado a cicatrizes... Meu...!
Depois... é evidente que eu não sou a melhor rês do rebanho, todos o sabem, a grande questão é até se eu pertenço ao rebanho ou não. Más línguas dizem que sim, que pertenço ao rebanho, que até sou elemento chave desse rebanho. A verdade é que a engrenagem há anos que se encerra à minha volta. A outra parte da verdade é que eu aproveito o bom desta coisa para um dia que........ E a verdade que sustenta essa parte da verdade é que no fundo no fundo, eu AINDA sou livre.
Livre mesmo de dar pérolas a porcos e, meu fucking deus!, tu sabes que eu dou pérolas a porcos, não sabes? Também sabes que peco que nem um cabrão e que por isso vais ajustar contas mas, olha!, estamos nisso, páh: prepara as orelhas de burro, liberta o canto para eu me sentar de cara para a parede e afina o óleo do chicote! TZL

quarta-feira, 22 de abril de 2015

39

E pronto, aí está: um brinde a uma vida bem (ou mal) desperdiçada!

sábado, 11 de abril de 2015

Uma rosa...

Ela era jovem. Jovem e bonita. Jovem, bonita e cheia de amigos, que fazia facilmente e cultivava com atenção. Não me surpreendeu que estivessem centenas de pessoas no seu funeral. Eu conhecia quatro ou cinco. Não conhecia absolutamente ninguém da família. Nem o pai, nem a mãe, nem a irmã ou a avô velhinha e prostrada de dor. Não conhecia as primas de quem ela me tinha falado em tempos e a quem não poderia reconhecer, naquele momento de dor, de reclusão e de preto por todo o lado, as diferenças irreconciliáveis.
A notícia tinha-me apanhado completamente desprevenido, distante, quase esquecido. As circunstâncias, sempre dramáticas nestas idades, eram dignas de noticiário e de movimentos nas embaixadas: raptada junto com uma amiga, durante uma viagem à América do Sul, tinha sido assassinada a sangue frio num momento nervoso de um dos três criminosos que, aliás, ainda eram procurados.
A minha dor era intensa. Era mais do que uma dor. Era como um cruzamento de fogo entre a infelicidade partilhada com o resto daquela multidão e outro sentimento mais antigo, que julgava desaparecido. As lágrimas rolavam-me silenciosas pelas faces, chorava como há anos não me sucedia. Mas sem nenhum som, sem aquele movimento incontrolável entre o peito e a garganta. Consegui aproximar-me do caixão aberto, para onde atirei uma rosa vermelha, a rosa do nosso amor nunca concretizado e agora irremediavelmente perdido...

sábado, 28 de março de 2015

Um ano, dia por dia. Um ano que parece ter dez vezes 365 dias ou apenas duas semanas. Porque um ano em que tudo passou demasiado rápido mas em que "tantos morreram e tantos nasceram".
Há um ano atrás estava bloqueado logo depois do túnel da Mancha. Festejava o teu aniversário de copo de cerveja na carruagem-bar. Apresentava o ar ao mesmo tempo atrevido e culpado de quem tinha acabado de fumar o segundo cigarro proibido no toilette do eurostar. Por duas vezes ameaçado de regressar a Paris nessa mesma noite. Sim, recordo-me, era um problema relacionado com a diferença da norma eléctrica entre França e Inglaterra. Pensei que não iria poder brindar ao teu aniversário. Duas horas e algumas cervejas depois, o monstro pôs-se em marcha de novo.
Lembro, à chegada, aquele pianista esquizofrénico, sem-abrigo, John? mas cultivado na execução de peças de música medieval. E do teu abraço, de mo apresentares, do teu brilho que ainda hoje me assombra... Agora que atravesso trezentos e sessenta e cinco dias sem poder brindar contigo

sexta-feira, 20 de março de 2015

Au moment où tu lis ça je ne serai plus là. Fais donc semblant que je suis mort, que mes funérailles ont même déjà passés et tout le monde qui comptait a déjà séché ses larmes. Coupons tous les ponts, j'ai changé de numéro, fermé le compte facebook, changé d’adresse mail et j'ai pris un avion pour un côté du monde où te ne me verras jamais.
Pense que je suis passé sous un bus, ça peut être le 58 ou le 86, qui sait le N12 que je voulais prendre au Chatelêt, paresseux de pédaler sur un vélo déséquilibré...
Tu peux donc pleurer toi aussi une larme de tendresse pour quelqu'un que tu ne verras plus, mais c'est mieux ainsi. Tu auras une dernière image, c'était dans ce bar hispanique où on a bu des cocktails, on a rigolé, on a parlé, te souviens-toi?... quoi de mieux pour une dernière rencontre?
Mais lâche-moi, c'est tout ce que je veux, laisse moi aller, monté sur une nuage blanche dans un ciel bleu d'où je peux dire au revoir à tout ce que j'ai vécu, mais - tu sais? - je vais juste regarder ce que j'ai passé de beau. Même tout le beau que j'ai déchiré et jeté par terre comme on laisse tomber une pointe d'une cigarette fumé au delà de la fin.
Oui, tout part en fumée, ce n'a pas été beau à voir ni a vivre, mais ce fût un choix réfléchi, un choix que je ne pourrai pas éviter de regretter toujours, mais un choix que j'ai assumé et que je prends pour personne à part moi. Comme le choix d'avaler tout ce flacon que me fait planer en horizontal sur les rues de mon quartier, surpasser la seine en entendant un sifflet aigu à mesure de mon corps qui rase l'eau sans la toucher pour arriver aux rues que j'ai parcourue pendant un petit morceau de vie. Des rues qui me chuchotent des dates, des prénoms, des jours de fête.

La beauté d'un haïku, cette légèreté de dire en quelques syllabes équilibrés toute une complexe histoire, j'én fût toujours jealoux, mais la sagesse me visite et aprés des mois (années) de mésaventures je n'ai sans doute besoin que d'un mot:

Adieu

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Verme

When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You're so fucking special

But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts
I wanna have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so fucking special
I wish I was special

But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

She's running out the door
She's running out
She run run run run...
Run...

Whatever makes you happy
Whatever you want
You're so fucking special
I wish I was special

But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't belong here
Porque é que estão todos a olhar para mim? Nunca viram?
Porquê um tal drama? Tanta razão para preocupação, tanta coisa dura que fazem todos no vosso dia-a-dia de merda baseados em ambições ou ideais que não trazem nada de concreto a ninguém e escolhem criticarem-me por estar sujo, a cheirar a lixo, a apodrecer do lado esquerdo da cara e do lado direito do peito, por estar a ser comido por vermes esfaimados da cabeça aos pés? Mas não, é um tal problema para vocês, para quem a vida é tão boa, que o meu hálito de podridão cheire a vomitado, que a minha expiração me traga o sabor de um refogado de couves cozidas há três dias? Que as meias rotas que trago exalem um camembert fora do frigorífico há três semanas?
Que tens tu contra contra a minha forma de cambalear batendo contra o muro à minha direita pondo depois o pé esquerdo na estrada à minha esquerda?
Não gostas da forma como levanto o braço mostrando o buraco no sovaco da camisola? Mas tu vives essa vida tão bonita, tão cheia e tão cheia de falsas preocupações com a humanidade que não te podes preocupar com um homem, não é? Tu vais passar uns cinco ou sete anos mais e ver que aquilo que existe na tua cabeça faz pouco sentido. Ainda por cima, isso coincidirá com a fase em que: 1) o teu relógio biológico; 2) os olhares dos homens do outro lado do passeio ou à tua frente no metro te dirão que não há mais, que está tudo acabado. Nesse ponto, o cheiro será menos fétido, o buraco na camisola um detalhe. Mas nesse momento eu estarei a ser comido por vermes que me saem das órbitas vazias dos olhos. Os meus cabelos estarão intactos, parece que as minhas unhas também, mas a minha carne terá apodrecido e os meus ossos estarão calcificados ou quase desfeitos. Nenhuma - absolutamente nenhuma! - das minhas palavras será recordada. E nenhuma das minhas acções terá marcado quem quer que seja onde quer que seja. Nenhuma decisão terá alguma vez sido tomada que tenha mudado sequer um sonho ou um pesadelo de quem quer que seja que se tenha deitado ao meu lado. Nenhum dEUS me terá recebido, é certo. Mas nenhum dEMÓNIO me terá metido num espeto para me fazer rodar num fogo de enxofre. Resta esse consolo, o de no nada me sentir tão em paz como qualquer outro, fazer enfim parte de um todo. De um nada...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

14 Anos. 14 anos tirados do corpo a ferros. Mas fui eu que arranquei esse bocado de mim mesmo e por isso não posso culpar senão a mim mesmo. Antes a vida. Depois o vazio, nada nada nada. Por um daqueles momentos em que queremos mostrar uma coragem que nem sabemos se temos para que não se comprometa tudo. Para que não se comprometam todos.
É difícil de entender. Mesmo para nós é quase impossível saber. Sequer se foi uma decisão "acertada" ou "errada" (fossem as questões e as suas respostas assim tão definidas); às vezes pergunto-me se quereria voltar atrás (sim!) e se teria feito tudo igual (não!). Gostaria de ter feito um bom monte de coisas de maneira diferente. Gostaria de pura e simplesmente não ter feito uma boa centena de cenas. Oportunidades para aprender? Tive (eu que achava que gostava de aprender). Mas só me posso lamentar, o que nem sequer é forma de pedir desculpas (nunca soube pedir desculpas; afinal acho que apesar de tudo se deve pedir desculpas). Apesar da quase hipocrisia que isso representa, sobretudo quando se pede desculpa uma segunda vez por um erro repetido; apesar de elas se deverem evitar e não exprimir; apesar de um pedido de desculpas não ter que ser formulado. Et caetera, et caetera...
E até foi duro o parto daquele que faria hoje (ou ontem? nunca se soube muito bem) catorze anos. E ele foi menos bom para mim às vezes mas, eu sei, eu fui muito pior, deveria ter deixado que me arrancassem uma costela logo nas primeiras vezes que o maltratei, isso obrigar-me-ia a ter sido mais adulto e menos egoísta (curioso, não estou a fazer nada para ser mais uma coisa nem menos a outra nestes meses).
..........................

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

... ... ...
... ...
...
Blá blá blá
Blá blá blá
(texto retirado a pedido do autor)

domingo, 4 de janeiro de 2015

Deus, há anos que não Te peço nada. Deixa-me fazer-Te um pedido agora: faz aquele cometa passar de novo...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A mais de nove polegadas de distância

Estava a semanas de começar aquele que se ia tornar o projecto mais stressante da minha vida.Naquele dia 10 de Fevereiro encontrava-me em Lisboa. Deixávamos a S com a Rita enquanto ia com o Katsumo e o Lucatti para para um concerto no Coliseu dos Recreios. A Génika acompanhou-nos e ficou com o L nas bancadas enquanto eu e o K estávamos em frente ao palco à espera de ver o primeiro concerto daquela Tournée Europeia de Nine Inch Nails. Antes do início, um jovem de fato de bom corte falava excitado com os amigos. Haveria de vê-lo louco no meio do mosh e se o fato resistiu àquela noite e se ele não engordou muito, tenho a certeza de que ainda resiste a outras aventuras. Quanto a nós,tínhamos prometido fumar aquele charro mal ele começasse a entoar a "Hurt".
A verdade é que a coisa começou com o Mr. Self Destruct e no fim dessa música, pulmões ofegantes e confusão total, perdi K e vi-me sózinho. Passei a maior parte do concerto sem o ver. Procurávamo-nos um ao outro ao fim de cada canção mas no way e ele tinha ficado com aquela erva já enrolada num qualquer bolso.

Há momentos que fazem de um concerto algo especial. Aquele concerto foi o primeiro de uma série de datas europeias em que Trent Reznor iria dar início a um pré-aquecimento para introduzir o Year Zero. Nenhuma música desse álbum foi tocada nesse concerto (creio que em nenhum da tournée) mas uma pen foi encontrada numa casa de banho. Continha uma faixa desse disco. A manobra foi continuando, com aquele condimento de suspense ingteligente que um génio consegue tirar da sua cabeça sem precisar de uma equipa de marketing a dar sugestões deslocadas.

Há momentos que fazem de um concerto algo mágico. Aquele concerto foi o primeiro da tour Europeia e de três datas em Lisboa. A dado momento falha a luz. Tinham acabado de tocar a Terrible Lie. Aquilo durou, o palco às escuras. Trent Reznor deu algum tempo mas a coisa não arrancava. Até que chegou ao micro e disse algo tipo "ok, ok, a história do costume, o alarme de incêncendio deitou a luz abaixo. Mas não nos apetece "fucking around"; liguem a merda das luzes do público!. Ouviram? LIGUEM A MERDA DAS LUZES DO PÚBLICO E VAMOS TOCAR".
A seguir o "March of the Pigs" e aí vamos nós, a noite está ganha.

Hoje encontro um link para um arquivo áudio ao vivo dos Nine Inch Nails, esse momento está aqui:
http://ninlive.com/shows/2007/20070210.html

Não, não é mentira, foi mesmo assim...

sábado, 15 de novembro de 2014

Palavras lidas em algum lado

Queria acordar lado a lado,
Ver o seu olho fechado
Fazer o café para aquela princesa
Obrigá-la a acordar e levá-la p'rá mesa
Olhar aquele olhar e ficar embeiçado
Sair de casa com ela de braço dado
Percorrer a cidade de um passado comum
A fazer aquelas contas de quanto dá um mais um

Quero dar-te o melhor que tenho dentro de mim
Deixar-te continuar a ser sempre assim
Ver o teu sorriso, ouvir a tua voz
Saber que há tanto dentro de nós
Juntar-me a ti, ouvir-te a gemer
Palavras do amor que quase consigo ver
Deixar-te de novo de olhos fechados
Os dois juntos num abraço a sonhar acordados

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

cometa...

De anos a anos um cometa risca o céu com a sua luz de fogo. Podemos olhar de olhos bem abertos e quase cegar com a sua luz; ou só fechar os olhos para sentir melhor, com mais intensidade, tudo o que se esta a passar nesta espécie de mundo paralelo.
Podemos montar nele, de mãos dadas, e percorrer um pouco do caminho, sair numa estação, voltar a entrar em outra. Podemos abrir-nos à confusão, comprar uma camisola a um italiano curioso ou comer uma pizza que se chama Stairway to Heaven. Podemos beber pints ou vinho tinto, margaritas ou um jet perrier.
Como podemos ficar na calma da nossa casa, passear por sítios que já foram a nossa casa, sair e regressar... a casa.
Podemos confundir todos à nossa volta, ter vontade de abraçar e beijar e só o fazer em sonho.
Podemos sentir a energia que corre de um para outro, dos dois para algo maior, a energia que faz girar um cometa à volta de não sei que centro de que galáxia. E podemos ver uma luz a riscar o céu, a sobrevoar todo um mar.
Podemos ser marinheiros de um cometa?

domingo, 5 de outubro de 2014

Magia

Os blogs acabaram. Video killed the radio star, já diziam os outros parolos. Por isso, ninguém, absolutamente ninguém vai ler esta. Excepto tu! Sim, tu estás a ler isto porque senão não estarias a ler isto, certo? Então, quero dizer: Há momentos em que apetece baixar os braços e largar tudo, em que dá uma tentação de abandonar e há que aguentar esse bocado e andar em frente. Porque a vida é feita de pequenos momentos, e quando eles aparecem, e quando eles são mágicos, compensam tudo o que demais poderá vir. Às vezes, mesmo esses momentos trazem uma ressaca. Mesmo essa ressaca há que saber vivê-la. Na vida há sempre um ou outro onze de novembro mas também há um treze ou catorze de Setembro. E às vezes há mesmo um Abril, um dia de Dezembro ou algumas horas em Novembro. E nesses dias há magia........

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Leaving Paris

Quando cá chegámos, o prédio em frente – cuja janela era visível da nossa sala, acabava de acolher um bébé. Das nossas noites de filme e cerveja podíamos apreciar a luta por um sono sossegado de choros de recém-nascido. A minha missão deveria durar até essa menina fazer três anos.

Sempre quis imaginar o dia em que deixasse Paris como uma morrinha de doce tristeza, lágrima ao canto do olho fixo em paisagens do meu quotidiano, a pena de deixar uma cidade por que me apaixonara.

Aquele bébé é hoje uma menina de cinco anos, desenhos de côr dão alegria às paredes daquela sala que ainda vejo. A minha estadia foi prolongada. A rapariga da frente, do outro lado da rua, aquela que passava a ferro na sua sala enquanto eu fumava um cigarro à janel, já se mudou há uns dois anos. O tempo passa rápido.

O Forum des Halles entrou em obras, aquela estrutura glauca e deslocada de uma zona tão nobre de Paris vai tornar-se um espaço mais arejado, moderno mas sem vergonha de se apresentar a dois passos do Pompidou, perto da Rue de Rivoli. É suposto que, se um dia vir o trabalho acabado, já não viva por cá e esteja apenas de visita. A menos que um imprevisto me faça ficar por cá mais algum tempo. Afinal, o tempo passa rápido.

Gostaria de, no dia em que embalar os meus caixotes, sentar-me a chorar na relva da Avenue de Breteuil, ir encostar-me ao balcão da Pont Neuf, ver os tectos de Paris da varanda do Sacré Coeur, beber um mojito em Saint Germain-des-Près. Não quero imaginar que tempo fará. Mas se meobrigarem a escolher, quero que esteja cinzento mas sem chuva (quero poder sentar-me naquela relva). Quero deitar-me na cama de um quarto despido dos nossos quadros, gavetas vazias das nossas roupas.

Entretanto fiquei sózinho, não sei se estarás comigo nesse dia. O que significa que estarei sem os amigos que não fiz (nunca fiz) desde que partiste. O que acrescentará à doce melancolia que queria sentir um frio manguito a uma (so)ci(e)dade que nunca verdadeiramente me acolheu e que eu nunca consegui verdadeiramente querer integrar. Os cabelos brancos que comecei a ter aqui terão conquistado algum terreno na minha cableleira negra. No meu rosto, imagino a seriedade que frequentemente passeio por aqui, mesmo quando imagino que um sorriso esforçado se apresenta a quem passa. Mas ninguém o vê. Não consigo sorrir quando estou só. Não hoje. Talvez nesse dia.

Talvez nesse dia seja um outro homem, mais aberto aos outros, menos cínico, mais confiante e mais sereno. Menos egoísta mas também menos sentimental. Mas provavelmente serei exactamente igual porque leva tempo a mudar e o tempo passa rápido.

Mas ninguém sabe o dia de amanhã e a vida é salpicada de imprevistos, coisas boas e coisas más; decidimos por vezes, deixamo-nos levar de vez em quando, nadamos num mar calmo ou somos arrastados por ondas imensas.

Por isso, com medo, com tristeza, com esperança, com desilusão, com orgulho, com insegurança, com satisfação, com um leque de sentimentos contraditórios, continuo a imaginar o dia em que deixarei Paris. Será em breve. O tempo passa muito rápido.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Arrenúncias

Roma, sexta à noite. Reencontro de velhos amigos. Depois do jantar uma sueca. De um lado, eu e a rapariga., do outro Ratzinger e um Cardeal de que não me lembra o nome. A dada altura, jogo o Ás de Copas. O Papa corta de terno de espadas. Duas rondas mais tarde, joga a bisca de copas. Enervado, atiro com as cartas: 
"Fodassss Ratzinger, Pá! Lá estás tu a fazer renúncias"

domingo, 30 de setembro de 2012

Rodolphe Burger, Bartleby e o Alien

Este texto foi-me enviado por mensagens pelo escriba Bartleby, aka Joseph Young. Não lhe mexo nem preciso de dar qualquer explicação adicional. Segue aqui:

1.
Rodolphe Burger.
Pois então, como te contava, por volta de 95, 96, apanhei na então estreante tv cabo um video clip de um tipo francês que se tornou logo numa das minhas canções favoritas de sempre e que marcou também o início do meu namoro com a Sarinha.

(Nota do Alien: vão ver o vídeo)

2.
Tempos depois apanhei isto na então XFM e gravei em cassete. Gravei mesmo o tipo a dizer o nome da banda que eu percebi como Catonomar! Por causa deste equívoco e por mais tentativas que fizesse no Google não havia maneira de apanhar qualquer referência. Entretanto o aparelho de cassetes estragou-se e o video há muito que o tinha perdido.
No início deste ano lá me lembrei outra vez da canção e voltei a tentar. Ocorreu-me pela primeira vez tirar o "r" final a catonomar e a coisa funcionou. Reencontrei a canção passados uns 16 anos desde a primeira vez que a ouvi. Coloquei no face e aparece-me a Diana e depois o Pedro todos contentes porque pelos vistos, por essa altura, a música fechava algumas noites no Mercedes e nunca mais a tinham ouvido também desde então. (Ao Mercedes só comecei a ir regularmente uns 6 ou 7 anos depois).
Vou então ouvir umas coisas de Kat Onoma e apanho logo esta versão potentíssima do Radioactvity dos Kraftwerk (repara como as guitarras estão sempre a crescer):

(Nota do Alien: se não viram o vídeo anterior é porque são uns malcriadões, mas TÊM que ver este)

3. 
Gostei do tipo, claras influências do Lou Reed, dos Velvet também sobretudo nos temas mais rock. Ao ouvir coisas mais pop pareceu-me identificar alguns sons... e de repente lembrei-me do filme/documentário do Pedro Costa "Ne Change Rien". Já sabia que Kat Onoma era Rodolpher Burger, vou à ficha do filme e lá estava o tipo. Durante todo o documentário vês o tipo a ensaiar sozinho (e percebes logo que o gajo é bom) ou com banda e a Jeanne Balibar a tentar entrar no tom certo para cantar. No fim uma ou outra canção interessante, especialmente esta:

(Nota do Alien: se não viram o vídeo anterior, vão vê-lo e depois voltem para ver este)

4. 
Ou seja, eu já tinha estado perto do tipo e não sabia... não o tinha associado a La Chambre.
Por fim, encontro um amigo que me diz que entrou numa sala de concertos em França e que ficou colado a ver um tipo que não conhecia. No fim do concerto, quando perguntou de quem se tratava... Rodolphe Burger aka Kat Onoma.
Terá terminado aqui a minha inusitada ligação a este tipo que mal conheço?
Il faut attendre!
Abraço
(Nota do Alien: não era uma sala de concertos, era ao ar livre na fête de l'humanité)

sábado, 15 de setembro de 2012

Manifesto 15 Setembro em português de alien

Os Portugueses sabem o que querem. (Os Madeirenses também mas isso é outra história).
Queremos tudo (é pouco!) e já.
Não queremos pagar aventuras especulativas.
Recusamos alimentar famílias que alimentamos há muitas décadas.
Renegamos companhias que mudam a sede social para não pagarem a crise com os seus impostos.
Queremos uma mulher-a-dias Francesa para cada família Portuguesa.
Queremos ganhar o campeonato do mundo de futebol.
Hóquei em Patins a modalidade olímpica já!
Um festival da canção só de Rock Alternativo e Punk-Thrash-Metal-Hardcore.
Queremos Sol na eira e Chuva no nabal.
Só queremos o que nos podem dar.
Façam um esforço como nós estamos a fazer!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Desta vez toca-me

Desta vez vão-me ao pelo directamente. Ao vir trabalhar para França mantive os meus descontos para a Segurança Social em Portugal.
Hoje ouvi que o vosso primeiro-ministro comunicou que eu iria passar a descontar 18%, enquanto a empresa onde trabalho vai descontar menos 7 % sobre os meus rendimentos. Aliás, sem bem percebi as contas, eu meto mais 7 e a empresa mete menos um tanto inferior a sete, para haver ganho líquido da parte do estado. 500 milhões de euros, creio, mas se me puderem elucidar de quanto as companhias vão pagar, agradeço
Ora, eu não concordo que os accionistas aumentem os seus lucros à custa dos meus sete por cento. Mesmo que o estado (todos nós) beneficie um pouco. E isto vai levar-me a pensar numa alternativa. Sim, porque eu posso desde amanhã transferir as minhas quotizações para a Segurança Social Francesa.
E coloco-me realmente a questão: devo armar ao patriota e decidir que o país merece que eu transfira uma parcela mais do meu trabalho para outrem (uma parte para os riquíssimos accionistas da empresa e outra para todos nós)? Ou armar-me em internacionalista (e individualista) e pagar TUDO à Segurança Social do país que me acolhe? Se tomar esta última opção estarei a dar um sinal ao governo que não ajudei de forma alguma a eleger de que este não é o alvo preferencial da austeridade? Ou apenas de que não me preocupo senão comigo próprio?
Vejamos: se me perguntarem se eu prefiro passar 7 por cento do meu salário ao país que me acolhe (e que tem médicos mais baratos, hospitais mais acessíveis, medicamentos mais disponíveis (mais genéricos)) ou aos meus patrões que têm chateaux na campagne e contas bancárias recheadas, a minha escolha parece óbvia. Estarei então a fazer o mesmo que tanto critiquei aos patrões da Jerónimo Martins quando transferiram a sede da sua empresa para a Holanda? Sem dúvida! Mas eles são ricos e eu sou pobre.
Será presunção dizer que tenho andado a votar pelos outros desde que me conheço, minto se disser que sou um activista pela igualdade, mas também é certo que continuo a recusar-me peremptoriamente a entrar em qualquer esquema de aproveitamento dos outros (fuga aos impostos, pedidos de subsídio e que tais). E sinto que os meus impostos são bem aplicados quando se dedicam a diminuir o fosso entre classes e a corrigir injustiças sociais.
Por isso - e admitindo que cada vez me torno mais individualista - talvez vá pensar em mim e ver apenas qual a opção que mais me beneficia. Afinal, alguém anda a votar "neles". E não tenho sido eu...

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

End up your holidays: Cut your hair

Acho que cheguei a rico. A prova? Venho de Portugal ontem, onde se corta o cabelo por uns 7 ou 8 Euros e vou aqui a uma cabeleireira perto de casa onde dou 19 Europeus para me ficarem com a trunfa que sobrar. Qual Porsche? Qual casa à beira-mar? Sou um burguês classe B+.

A dificuldade é pedir o corte que quero em Francês e responder às perguntas. Normalmente é fácil: "Corte para aí, meta um naco de máquina na nuca, acerte as patilhas". Aqui é mais duro e as perguntas são complicadas.

Cai-me um cabeleireiro todo fashion, o que não facilita as coisas. Nos barbeiros o tipo da tesoura tem bigode e fala de futebol. Nos cabeleireiros fashion, ele é gay e tenta puxar conversa mas os interesses divergem.

Por isso, instalo-me e - entre as interrupções - penso nas férias cinco estrelas que acabei de ter (e que ainda duram até daqui a duas horas).
Lembro-me da chegada ao Porto, de respirar aquele ar e ver o céu azul, a aterragem à segunda tentativa depois de umas voltas no ar. 
A partida para LX, onde o mano me foi buscar, para poisarmos na Zambujeira do Mar (sempre terra de recordações de outros tempos). A sopa do mar, a cervejinha, a praia, o quartinho para pernoitar antes de rumar mais a Sul.

- Vous voulez les pates comment?
- Hein?
- ...
- Pode ser por aqui, tire aí uma metade (meto o dedo a meio das orelhas para ajudar)

Depois Cabanas, o céu estreladíssimo, constelações cheias de poeira e estrelas a caírem. O acordar de manhã com direito a café na piscina, a nossa pequena esplanada de mesa e quatro cadeiras para beber a super bock e fumar o cigarrito. O barco a euro e meio para a areia e o mar. Os mergulhos de cabeça e o por-do-sol a boiar. O arroz de marisco com vinho branco fresco, a areia a invadir as toalhas, os sofás, os livros e os jornais, o Quasimodo e o seu "autocarro do amor", a festa do "meu querido mês de Agosto", Agoto com letra grande comme il faut, como grande parecem as férias no dia antes de começarem.

- Desculpe, queria maior aqui?
- Não, não, pode tirar.

A chegada do Bino ao aeroporto de Faro, a taska e o fondue, o Pampilhosa e a queque simpática e a sua cozinha de esmero, cerveja no início, sangria durante e aguardente depois.
O Vibe na Manta Rota e as vibes do comboiinho de Pedras D'el Rey, a Ilha de Tavira e os seus restaurantes, bares, a praia mais deserta que em outros anos, os guardiões da moral a aproximarem-se perigosamente dos guarda-sóis concessionados, nus como vieram ao mundo a assinalarem que a partir daqui podem tirar os calções, tomar um banho de água morna sem molhar os calções.

- Como é que costuma pentear o cabelo?
(olho para o espelho, encaro-o, sorrio cheio de auto-suficiência)
- Nunca penteio...

A partida para Lagos, a velha que nos oferece quarto e - suspeito - escuta às portas, entra pelo quarto dentro sem pejo (ansiosa por recordar a juventude?), dois macacos no Three Monkeys, o famoso funil de cerveja a contar pontos para as mais diversas nacionalidades, modalidade olímpica do Barlavento onde a falésia arrisca ruir e a água é mais fresquinha, mas a gente manda-se, afinal "que ñao me mata me fortalece".

- A seguir passamos por água e shampoo e voltamos
- D'accord

Estava tão longe, estávamos a regressar a Tavira e enquanto me passam a toalha no cabelo estou a limpar-me a uma toalha de praia, estamos a pensar aonde jantar, estamos a ir ao REF, inventando novos verbos e alimentando cirroses antigas; enquanto a tesoura desbasta mais um bocado da minha flora capilar, estou a pisar algas, calcar conchas, marcar a areia com os pés descalços; estamos a decidir se vamos embora hoje ou "só mais um diazito"; estamos a regressar a casa, a surfar na noite do Porto, noites tamanho XL, escutando Rádios, em Casas de Livros, quando o plano A não resulta arranja-se outro e antes de dormir ainda se dá um salto na Tendinha.

- Je paie par carte bleue
- Bien Sur (digita os três contos e oitocentos na máquina mágica)

e lembro-me de outro roubo, esquadra da PSP em dia de ressaca, cartões bancários em segundas vias (e ainda bem que não tens carta de condução e pena que não tenhas gasto as duas notas em mais um Gin, bem disse que ainda era cedo para ires embora).
O jantar do emigrante, com Sassu em versão digital (emigrante duas vezes), mas com novos shots (chamemos-lhe bi-shot), com ranchos folclóricos e seus novos aprendizes, massada de peixe apuradíssima (très très relevée).

- Merci, bonne journée
- Bon week-end

E estou no último dia de praia na Granja, na piscina em Vila do Conde, no Court de Ténis a fazer de conta que sou grande desportista. 
E finalmente estou a partir e juro que por baixo dos meus óculos de sol tinha os olhos marejados de lágrimas enquanto ainda via o céu do meu Porto. E por muito que se pense que 3 semanas e meia de férias é muito tempo, não dá para cansar, não dá para ver os amigos todos (e eles são tão poucos), mas vai-se fazendo por ter o dever cumprido e arquivar mais umas memórias que permitam alimentar a esperança durante mais um ano.

With Love,
Alien

(aguardo uma fotozita de lá de baixo para completar isto...)

sábado, 21 de julho de 2012

Made in Pakistan

Procuro o bom e velho traiteur italiano da Rue de Buci. Parece ter sido substituído por uma casa de Gelados Amorino ou coisa que o valha. É bem pena. Não devem ter ficado mal com o trespasse e com certeza abriram noutro lado, a avaliar pelo sucesso que tinham. 
Acabo por comprar um Panini de Frango & Mozarella e uma cola. Vou ao parquezinho ao lado do Institut de France para comer. Uma abelha importuna duas jovenzinhas que estão sentadas mas, mal me topa, vem para os meus lados. De mochila, com o saco da sande afasto-a. Abro as pernas para me sentar no meio do banco de pedra e crrraaaaaaaac, os calções rasgam desde o fecho até mais de meio da cocha. Viro-me e como. Vou ter que ir para casa neste estado em pleno dia de sol. Pior: vou ter de passar St. Germain-des-Prés e toda essa gente bonita que almoça nas esplanadas. Com a minha sorte, é neste momento que cruzo o meu chefe que me apresenta a mulher e os filhos. Ou a menina do Marketing com o namorado vestido a preceito. É nesta altura que passam duas portuguesas a pedir informações: é a Nayma e a Carla Caldeira e eu vou ter que fugir com vergonha.
Acabo de comer e arranco. Tenho então que fazer St. Germain, entrar no metro em Mabillon, mudar de linha em Duroc e sair na minha rua onde - claro - o homem do talho, a senhora das camisas, a portuguesa da loja, o senhor do tabaco, o barbas do quiosque, vão cruzar-se comigo, dar-me o Bonjour e olhar para as minhas partes baixas. E muita sorte tenho eu em não ter hábito de vestir-me à caçador, senão os meus rapazes andavam ali à vista de toda a gente...
Lá faço o percurso a tapar o que posso com a mochilita ou com o livro que - estrategicamente - já não leio no metro.
Chego a casa. Ninguém viu. Ainda não deitei os calções ao lixo.

domingo, 15 de julho de 2012

Frogs e Rock'n'Roll

Após 3 anos por aqui, começo a valorizar os defeitos dos franceses que a motivação da descoberta atenuava. Um deles (que já por aqui referi) é o mau gosto musical deles. Não que não haja música francesa boa, que a há. Também a há má. Mas de resto, é horrível o que eles dançam nos bares. Talvez me salte à vista com mais impacto por eles se vestirem bem, comerem bem, terem bons filmes, boa imprensa e bons programas de tv. Mas acho que até em Espanha se consegue ouvir música melhor. Por isso deixo aqui 3 citações sobre o assunto:

"Em termos de rockenról os franciús ainda estão a descobrir os Beatles. Tirando uma certa vanguarda, que já conhece os Rolling Stones" - Amil Neila
"Relativamente ao ritmo musical os franceses pararam em Luis XIV" - Empregada doméstica (colombiana) de uma colega de trabalho
"O Rock francês é como o vinho Inglês: não existe" - John Lennon

* Post dedicado ao Miguel Noronha (que me deu vontade de desenferrujar as rotativas do Paris Mosh)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

RESISTAMOS

Nunca pensei dizer isto, mas...

OBRIGADO, VASCO GRAÇA MOURA.

R E S I S T A M O S
a este aborto ortográfico

(antes que seja possível escrever resista-mos só porque sim)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Génios

Grande Cena! Estou a ouvir o "Puppy Toy" do "Knowle West Boy" do Tricky. Cruzei-me há pouco com ele, em Saint Germain.
Slm: Vamos passar agora naquele tasco, está sempre lá o Tricky
eu: Vamos lá então
E passámos. E ele lá estava, não deu oportunidade para lhe dizer o quanto aquele concerto em Gaia City foi bom porque estava ocupado, mas vou lá voltar para lho dizer.
Também não lhe vou dizer que é um génio, porque já muitos (mais habilitados do que eu) lhe disseram antes.
Mas sou gajo para lhe pedir para confirmar que há um sample do 10:15 Saturday Night numa das músicas dele (não me lembro agora qual a música, mas ele vai lembrar-se, mesmo pedrado).

sábado, 10 de dezembro de 2011

Riding forward with my eyes closed

You never forget your first bike
Mine was red
I remember the day i've first seen it
like it was yesterday
I remember daddy holding the seat
For I was afraid to fall

I am still afraid to fall

I remember so well my first bike
She was red
And had curly hair and brown eyes
And we held each other for such a long time
So hard

And I was so afraid to fall

You would never forget your first bike
Mine was so far away
Until I first saw it
And then I was so far away
And I had to climb all those stairs
Just to be so high
So high

But I was still so afraid to fall

How can I forget?
I can still see you there alone
Like it was yesterday

And I'm still so afraid to fall

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Aviso às pessoas...

Just to say everything is ok and i'm on my way for a week-end!
Be prepared!

sábado, 19 de novembro de 2011

Salsada

A ideia era falar-vos de AMSTERDAM mas de repente veio-me Metallica com toda a força ao corpo. declaração de interesses: Estou tocado. Nada do que possa escrever aqui poderá ser usado conta mim em qualquer tribunal. No entanto, tenho o direito de o confirmar quando quiser (desde que desliguem os gravadores e os aipódes (ai não que não podes).
Por isso, vou arrumar com Amesterdão em duas penadas:
- Fumar ganza (depois de uns anos - 4 a 5 - sem lhe tocar): Check
- Comer bolos de ganza (e pensar que não está a bater e de repente bater mesmo mas de uma forma fixe que só dá para rir e estar mesmo cool): Check
- Andar de bicicleta (e fugir de bicicletas): Check
- Ver as putas atràs das montras (mas não entrar nem ter grande opinião sobre): Check
- Ver o museu Van Gogh: Check
- Descobrir quadros no museu Van Gogh de que não se estava à espera e que podem dar que falar e que podem nem ser do Van Gogh mas isso fica para outro pouste (ou não): Check
- Comer cogumelos mágicos antes de ir ao Van Gogh: Check
- Comer cogumelos mágicos depois de ir ao Van Gogh: Check
-Poder fumar ganza, mas não tabaco, beber cerveja, mas não fumar ganza, fumar ganze mas não foder, foder mas não fumar tabaco, em suma, poder fazer TUDO mas nem pensar em fazer duas coisas ao mesmo tempo: Check
Pronto. Amerterdão está arrumado! Uma bela cidade.

Agora estou em casa no fim de uma sexta à noite. E deu-me para ouvir o Ride the Lightning. Há várias razões para isso (há pouco, enquanto todos gritavam sobre um assunto qualquer totalmente diferente eu perguntava-me porque seria o Ride the Lightining melhor que o Master of Puppets). Às vezes acho que olham para mim como um atrasado mental (eu próprio olho para mim como um atr...) Ou como um super-interessante que está entregue a pensamentos elevados dos quais os demais mortais não são dignos.
Well, nope, os dois estão errados. Quando estou calado com olhar ausente mas compenetrado - talvez inteligente - estou só a pensar em cenas do género: "É o Ride the Lightning Melhor que o Master of Puppets?"; "Quais os albuns de Megadeth que são melhores que os de Metallica?"; "Qual será a cunha da Tânia Ribas de Oliveira na rtp 1?"; " Fará a Maria Cavaco Silva broche? E o gajo até gosta?"; " Foi o melhor concerto da minha vida o dos Metallica em 94, em Alvaldae, o dos Smashing Pumpkins em 96 em Cascais, o dos dEUS em Paredes de Coura em 99. o dos Young Gods no Porto em 2000 ou o dos Nine Inch Nails em Lisboa em 2007?"
... e coisas do género...
Note-se: não estou a desprezar-em nem a armar-me em bom. Não quero dizer que seja tão estúpido que mereça que me ignorem nem tão esperto que mereça reverência. São só estupidezes que me passam pela cabeça, mas foda-se, estão agora numas de me julgar?

Resumindo e concluindo - e porque o espaço é muito mas o tempo é limitado - tenho na minha conta que os Metallica acabaram por volta de 1992, tal como os Megadeth, mas leiam isto, é instrutivo:
http://www.heavymetalcenter.net/2011/01/megadeth-e-melhor-do-que-metallica.html

E no outro dia vi isto sem quere (vale a pena para não dizerem que sou exagerado)...
http://www.youtube.com/watch?v=DjN_3rtVHgk

E continuo sem saber qual a cunha da Tânia Ribas de Oliveira (ou da Rosa Veloso) e juro que não sei nada sobre a vida sexual do Cavaco (tirando o facto de ele me foder a cabeça).

Mas o Ride The Lightning não é melhor que o Master of Puppets. O Master tem hinos, está bem produzido, é um marco no Heavy Metal. Mas o Ride The Lightning faz-me lembrar bons tempos, começa com um exemplo de METAL, segue para GRANDE música (com sirene, ainda por cima(, encaixa com o MAIOR hino do Metal e mete uma balada perfeita. Ainda tem a melhor instrumental de sempre (sem contar com Mozarts e outros Beethovens... ou mesmo contando).
Por isso, acho que estamos falados. Ou não, que quem disser o mesmo do Master é bem-vindoe vamos beber esse copo e abanar o capacete.

Também quero deixar aqui claro que nos cinco álbuns de Metallica / Megadeth se encontra do bom e do melhor mas se tivesse que levar 3 dos 10 para uma ilha deserta um deles seria dos Megadeth (o Rust In Peace).

Pelo que tenho dito não posso deixar de dizer que ainda hoje me lembro de um concerto que vi há mais de 18 anos (isto é já passei mais tempo de vida depois de o ver que antes) e isto é triste e mostra que poderia morrer descansado (até porque entretanto tive SEXO) mas não sei se quero. Para dizer a verdade, não quero....
Mas também (e veja-se a entrevista do Billy Corgan colada acima) acho que Smashing em Cascais foi irrepetível (mesmo que nessa altura já tivesse tido SEXO e por isso o impacto fosse sempre menor. Metallica: banda de adolescentes?).
Ora, com o meu poder de antecipação e a minha maturidade natural, já em 93 eu sentia que a audiência de Cult fodia mais que a de Metallica. Mas hoje eles são impotentes, se aquilo que dizem da heroína for verdade. Ou estão mortos, se aquilo que diziam... Ou são traders / empresários / líderes parlamentares se aquilo que diziam... é muito complicado, aliás eu nunca disse que era fácil e se isto fosse fácil tinha menos piada.

Voltando ao que vos interessa (SEUS TARADOS!!!), claro que a Maria faz broche (mas não engole!) e claro que o Cavaco fode (ao menos fê-lo duas vezes mais as que nos fodeu a nós) mas que interessa isso quando a Tânia tem emprego e nós andamos a perder subsídios? Nada, claro! o que interessa são os concertos que vimos ou - como dizia o Manuel João - "o que se leva desta vida são os cigarros que um gajo fuma, os copos e as mulheres que vamos tendo"*
*NOTA: se fores gaja substituir "mulheres" na frase acima por "máquinas de costura"

E vejam como se consegue com um post, num só titulo abordar tudo o que interessa!! Depois digam o que quiserem, não tenho qualquer tipo de pretensões, mas que sou bom, lá isso sou bom, foda-se.

Nota: se forem a Amesterdão, ouçam a dita cuja dos Mão Morta. E aproveitem o embalo e ouçam o Primeiro de Novembro enquanto estamos em Novembro. E depois - façam-me esse favor - ouçam o "Head Down" dos Nine Inch Nails 3 vezes seguidas. À primeira vez é engraçado, à segunda é abismal, à terceira parece que aquele refrão existiu sempre e estavam à espera que o descobrissem.

Vá, vão lá ao You Tube ver as merdas de que falei e que linkei por aí acima. E caso não leiam isto porque acham que a Internet só tem Gmail, Facebook e Wikipedia, fodam-se, ou como diriam os outros, In The Real Fourth Reich You'll Be The First to Go.

Pronto, carreguem lá no X que isto já acabou, façam feed-back vocês os dois (já nem os mais chegados lêem este blogue, pensando que se não estou no Facebook é porque já morri). Seja: Já morri

domingo, 30 de outubro de 2011

Coincidences come in packs of three

O ambiente é animado, concertos na cave de um bar depois de uma cervejinha esperta num bistrot simpático. A malta parece estar contente. A primeira banda dá-me pica. É incongruente, demasiado para ser verdade, mas isto é verdade: uma Fender Telecaster, uma Jazzmaster (ou Jaguar, não me lembro) e uma camisola dos Joy Division cantam um Hardcore que faz lembrar SOD ou Biohazard ou algo assim. Junto com o facto de eles terem perto da minha idade, se eu não tivesse ouvido o som deles, diria que iam tocar umas versões de Smiths, Interpol, Cure ou Bauhaus. Mas não. Não mesmo. A seguir veio outra banda. E outra. E a malta ia bebendo umas cervejas. Até dava para ir a um bar ao lado e voltar passado um bocado. No stress! Mas no outro grupo parecia que começava a haver qualquer coisa. O Matteo, sempre calmo e cordial, parecia ter ficado embatucado com alguma coisa que tinha acontecido. Separámo-nos deles. Mais um copo. Ainda é cedo, quando se consegue aproveitar (e se se avançar o jantar, ou comer uma sande com uma das súrbias) o tempo rende bem. O primeiro copo pode bem ter sido pelas sete. Às dez os concertos estão arrumados e ainda dá para ir a um sítio ou outro antes do último metro. E era aqui que eu queria chegar. A um metro. A cena é apanhar o último metro que nos permita ainda trocar de linha no último metro da nossa direcção. Se não, tentar chegar o mais perto possível para pagar menos de táxi.
Entro então às duas menos quê numa carruagem atolada. Um parêntesis (e já agora dois pontos, parágrafo, travessão:
- Paris é uma cidade com muita gente, e com muita gente que vem e vai. Não há cromos repetidos. A não ser os malucos do meu quarteirão e uma ou outra cara que se apanha na estação do trabalho às horas de entrada do trabalho, mais as pessoas das lojas, é impossível ver uma cara no metro e ter a certeza que se há-de cruzá-la uma outra vez. E mesmo que se queira apanhar a mesma linha de metro à mesma hora, no minuto preciso ainda teria que acertar na carruagem. E fecho aqui este).

Ando zonzo a escolher um banco para sentar, puxo de uma revista (tinham-me trazido uma Pública) e afundo-lhe os olhos enquanto me passa um bocado a tontura. À minha frente ouço um casal a conversar, a língua parece estranha, mas muito familiar ao mesmo tempo. Vejo que é português, pergunto-me de onde será este sotaque, aposto quase que é de São Tomé ou Cabo Verde, mas com anos já de Portugal. Ela criticava-o por ele ter bebido demasiado, ele brincava, ela amansava, andavam pela cinquentena... O gajo às tantas liga para alguém e faz a velha palhaçada do "Ça va? Nous sommes à Paris: Estation Concorde... Estivemos a beber champagne" etc etc (um francês nunca diria isto assim, digo mentalmente a mim mesmo enquanto olho verdadeiramente para a cara do gajo). Olho sempre para as pessoas, gosto de ver gente. Mas não estava com disposição para falar com ninguém, tento baixar a revista portuguesa que está no meu colo quando vejo que é o senhor Joaquim, antigo dono do bar da Estação Litoral da Aguda onde tantas vezes ia tomar café. Creio que saíram numa estação antes de mim sem lhe ter falado...
Quando troco de metro há umas dezenas de pessoas a entrar a correr (a tal ginástica dos últimos metros), sento-me com a mesma revista num banco e os outros três dão ocupados por um grupo. Desta vez não há que enganar. Falam com sotaque lisboeta. Consigo perceber que um deles está cá há uns meses e os outros estão de visita. A conversa está pejada de lugares-comuns (daqueles lugares-comuns em que todos nós incorremos quando estamos cá por fora). Às tantas falam das catacumbas. "Sabias que há uns túneis por baixo da terra onde os gajos se escondiam durante uma guerra qualquer?"; "Na revolução francesa?"; "Sim, acho que é essa merda". E por aí fora... O enjôo ainda não me tinha passado quando desço em Montparnasse, tão perdido quanto eu vejo o Matteo que corre para o sentido inverso do cais do metro, cara afogueada, speed. Vi a cara dele aparecer no meu cérebro já depois de ter passado. Finjo que não o vejo. Creio que ele fez o mesmo...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Terça à noite...

eu: Tasss

Vou dormir

Luis: vai-te

eu também vou

beijiiiiiiiiiiinhos

eu: Hasta

Fogo há aqui porrada

na rua ao lado

e está um camião de bombeiros ao lado

Luis: a sério?

filma!!!

eu: Yah

uns bléques

mas acho q j´+a tá a acalmar

Luis: vai aferroar os gajos

eu: Fodassss

Tão lá os bombeiros a acalmar

com grande carro de incêndio

os bombas tão a chamar a bófia

Fodaasssssssssss

Luis: que lhes dê uma mangueirada

eu: piorou

MUuuuuuuuito

Luis: a ver se não acvalmam!!!

filma!!

eu: Hey com caralho

Não

Um dos gajops bateu num bombeioro

e foi uma puta de confusão

Tão aqui n bófias agora

e chegou yum caroro da bófia na contra-mão

FUDEU

E eu aqui de cuecas

LOL

Luis: LOOOOOOOOOOOL

eu: AºO DEZENAS DE PESSOAS AQUI BNA RUA

mesmo em baixo

um bófia acabou de foder a boca a uma preta

ou quase

para piorar

tudo

chegou aqui o gajop das descargas do hotel

LOL

Dasss

O bófia tá a ameaçar um bombeiro de que o leva dentro

pq o gajo tava meio cego a querer foder um black

m dos gajpos foi dentro

Luis: é soldado da paz mas não aguenta tudo

eu: Afinal foi o marido da preta que lhe deu

pq ela ficou histérica

bem bref, uma terça à noite em Montparnasse

Luis: ah, esse pode dar-lhe!

eu: Duas gajas bófias

Luis: FDX

eu: Bem, vou até à outra janela

Luis: parece um enredo de um filme porno!!!

eu: Fica em antena para mais informações noticiosas

Luis: a Salõ até se deve estar a passar contigo a ver a porrada à fenetre!

:D

eu: Ela tb está a ver

Bem, acho que vou fazer como o outro e meter isto num post

Luis: eheheheh

Enviado às 23:25 de terça-feira