É um problema de que sofremos cada vez mais. Noto bem a diferença entre uma geração que aprendeu a viver com o frio e com o calor ou, pelo menos, a vestir-se para uma situação e outra e uma geração que é filha do “pesadelo do ar condicionado” e teima em querer ter frio no Verão (ok, confesso, eu quase sou um destes) e morrer de calor no Inverno. Em relação ao calor no Inverno (e volto a referir que não sou imparcial neste extremo), em França, talvez porque o frio aperta mesmo e eles desaprenderam há algumas gerações a viver sem aquecimento central, exagera-se. Mais ainda que em Portugal. Entram-se numa estação de comboios, num aeroporto ou numa esplanada (!!!!!) e tem que tirar-se o casaco e a camisola. É absurdo e é algo que me irrita tanto que não resisti a copiar um páragrafo de uma crónica de Alain Rémond (seja ele quem for) na revista semanal Marianne. E copiei-o porque está tão delicioso na descrição de uma realidade que sendo geral parece absurda que peço mesmo que o leiam em Francês:
« Il fait tellement chaud, dans mon bureau sans fenêtre, qu’on est obligé de faire tourner le ventilateur. Le gros ventilateur, celui qu’on fait marcher en été. Quand on a trop chaud. S’il fait chaud, dans mon bureau sans fenêtre, alors qu’on est au mois de novembre et pas du tout en été, c’est à cause du chauffage. Il marche tellement bien, le chauffage, qu’on n’arrive ni à le baisser ni à l’arrêter. C’est un chauffage moderne, avec télécommande à infrarouge, minuterie et tout le bazar. Qui fait clim quand il fait chaud et chauffage quand il fait froid. Là, il fait tellement chaud qu’on aimerait bien mettre la clim. Mais comme c’est le chauffage qui est censé faire la clim et vu que, s’il fait chaud, c’est à cause du chauffage qui chauffe, pour avoir un peu moins chaud on est obligé de faire tourner le gros ventilateur, à default de la clim qu’on ne peut pas avoir. Vous me suivez ?
Avec tout ça, j’ai un rhume. Un gros rhume. Quintes de toux, éternuements et nez qui coule en veux-tu en voilà. Et tête qui chauffe comme le chauffage, qu’on ne peut ni baisser ni arrêter. C’est vraiment le moment ou jamais d’être chauffé à mort et ventilé à mort dans un bureau sans fenêtre. Alors, je tousse, j’éternue et j’ai le nez qui coule, tout en prenant en pleine figure les giclées d’air du gros ventilateur. Ça ferait moins de vent dans les bronches. On a essayé, qu’est-ce que vous croyez ? Résultat ? On a cru mourir, tellement il faisait chaud, encore plus chaud que chaud. Ce n’est pas qu’il fasse moins chaud avec le ventilateur, notez bien. Mais on a l’impression qu’il fait moins chaud. C’est toujours ça de pris. »
2 comentários:
Eu não posso sentir frio no Inverno quando estou indoors. Sobretudo no meu local de trabalho. Não dá. Tenho que me sentir confortável. E quando digo confortável não quero dizer de manga curta em Novembro...
Gosto do quentinho, admito!
Agora, até eu que gosto da chauffage não entendo estes franciús! O aquecimento do metro foi ligado nos primeiros dias de Setembro. Quando ainda estava CALOR! Coisa rara aliás por estes lados...
Mas pior do que os gajos que querem andar de manga curta no Inverno, são os que querem andar de casaco no Verão.
Colocam o ar acondicionado tão forte, que com uma tosta de morrer lá fora, arrepiaste dentro de portas!
Há uma diferença sim!
E esses do frio do Verão então é que são tolos!
Em França não sei, sei que mal se inicia o Inverno aqui por Portugal, inicia-se a minha tormenta, não há espaço publico sem ar condicionado, daqueles que recolhe o ar de toda a gente e o aquece e o propaga novamente sobre as pessoas sem antes o esterilizar. Invariavelmente, esteja ou nao constipado, começo a tossir, há sitios, tipo gabinetes que até falta o ar, mas o individuo k lá esta a atender, ou porque o ar é dele ou não sei, consegue estar ali como quem tem um cano de escape sobre a cabeça, ha alturas que chego a imaginar aqueles virus do era uma vez a vida, todos animados a saltar, enfim nao tenho pulmoes para essas condiçoes. É um inferno
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