1. Pois é. Moshes há muitos, meus palhaços. E para começar temos os palhaços. Que fazem mosh com cenas tipo U2. Ou INXS. Ou Xutos & Pontapés. Sim, são putos. Mas não são putos como nós éramos.
Nunca experimentei.
2. O Bom e Velho Metal: Metal é a música que está a dar quando o mundo está a acabar. Mas a potência ainda está ao rubro. É a banda sonora das imagens que passam. Umas atrás das outras. Duras. Mas reais. Ou então estamos num bar. Chama-se Café Com Natas, por exemplo. São cinco da tarde mas lá dentro é noite. E pára o rock puxado para entrarem as guitarras travadinhas, ritmo sincopado e apertadinho, o bombo duplo bate directo no estômago. E a malta enche a sala. As paredes nuas ficam de refúgio para encostar e puxar o ar para dentro. Com força. Como lá no meio.
3. A Roda dos Metallica: Quando alguém me diz que foi ver estes Metallica ao Rock in Rio ou ao Super Rock, nem me dou ao trabalho de disfarçar a pontinha de superioridade arrogante quando digo que os vi em 93, do alto dos meus dezasseis anos. E agora diria:
Cena 1: estou agarrado à grade de segurança, a separar-me do palco por um fosso, ainda nem sequer é noite, ainda nem começou o concerto da banda que os precede e estou a ouvir o sotaque de Almada do metaleiro velha-guarda que diz "vamos tirar esta chavalada daqui" enquanto soa o "Anti-Social" versão Anthrax nas colunas do estádio.
Cena 2: ...
...mas não digo. A roda é uma zona a seguir à segunda fila de agarrados às grades que, vista de cima, deve ser um átomo de potássio a reagir à agua fervente. É bom, mas é uma excepção. Porque estamos lá. Mas queremos ver os dedos no braço da guitarra, os gestos, a baqueta que voa.
4. O Pogo: o mosh punk hardcore pode parecer violento E É. Mas como é que a gente não se magoa a sério? Não sei. Deve ser a tal sorte que protege os audazes.
5. RDP: Eu, um conas, me confesso. Paguei bilhete para ver os Ratos de Porão de um balcão e nesse dia não estava para aí virado. Perdi a oportunidade. Mas, visto de cima é, sem dúvida, o mais violento que já vi. Para uma próxima, só para dizer que estive lá.
6. Já Velhote - o Industrial Alternativo: Não consigo compreender como é que nem toda a gente curte Nine Inch Nails. No Coliseu de Lisboa, 11 de Fevereiro de 2007, vi algo de que não estava à espera: um concerto apoteótico de abertura de tournée. Três datas em Lisboa e, segundo as crónicas, eu vi o menos conseguido dos 3. Yeah, right, magia é quando é irrepetível e neste até falhou a luz. Passo à frente o facto de o Luizinho estar na bancada a ver de longe e estou com o Kimoto a olhar para o palco à espera da entrada do Trent Reznor. Ao nosso lado, um fato de bom corte esperava com tanta ansiedade como nós. Mais tarde, esse fato seria história.
Pois bem, abriram com o Mr. Self Destruct e ficámos separados. Até logo, Joãozinho, a gente já se vê que eu sei que estás bem. A verdade é que não me senti sózinho e juro que o procurei por todo o lado (com os olhos), mas tenho a recordação forte do fim da primeira música. 90 minutos de futebol numa malha de cinco minutos. Parei, agarrei-me ás coxas e inspirei forte como nunca, os pulmões a abrirem para me deixarem preparar para a próxima, a pele do peito a querer rasgar e a adrelina a circular, que foi um fartote até ao fim.
7. Carcass ou o Death Metal Ácido e Corrosivo da Earache: noventa e quatro, Pavilhão Infante de Sagres, 9 slams, quilos de mosh e nem um ferido. Àquelas duas miúdas que me apararam a queda livre (e isto inclui o par de DocMartins) desde o céu bem alto, o meu obrigado e desculpem lá.
8. Electrónica? Hummmmm...: Prodigy no marés vivas, o ano passado. Vamos lá ver! Resultado: uma bota marcada na testa, uma t-shirt a espremer de suor, o cabelo molhado como se tivesse acabado de saír do chuveiro mas a cheirar menos bem. Quem disse que não se faz mosh com dijays?
9. O Covil do Lobo: Houve um tempo em que Queima das Fitas significava bons concertos de bandas interessantes (às vezes, improváveis). Depois vieram as queimas com cantores entre o pimba e o popularucho e algures no meio uma fase de transição em que aparecia uma ou outra boa banda na semana toda. Foi nesta altura que me encontrei com os Young Gods. Foi quase a segunda vez. A que podia ter sido a primeira passo à frente que o mosh foi outro.
Estou a pedir um copo na barraca onde tinha pedido para me guardarem o casaco. Mas começa a chover e, nesse mesmo momento, ouço
"Soon we will be on your way Say goodbye to yesterday",
deixo o copo, agarro no casaco do meio de uma caixa e corro, corro, corro, atropelo, empurro, peço licença e chego lá, ao meio, a tempo de desbundar o grande riff. De frente para o palco, em boa posição, consigo pôr os pés sobre o estrado da fiarada eléctrica, casa onde voltava nas pausas do MOSH.
REGRETS (por uma razão ou outra, muito importante mas insignificante, ..., não deu): Slayer, Sepultura, Rage Against The Machine e, sem desesperar porque há-de chegar o dia, Ministry
Nunca experimentei.
2. O Bom e Velho Metal: Metal é a música que está a dar quando o mundo está a acabar. Mas a potência ainda está ao rubro. É a banda sonora das imagens que passam. Umas atrás das outras. Duras. Mas reais. Ou então estamos num bar. Chama-se Café Com Natas, por exemplo. São cinco da tarde mas lá dentro é noite. E pára o rock puxado para entrarem as guitarras travadinhas, ritmo sincopado e apertadinho, o bombo duplo bate directo no estômago. E a malta enche a sala. As paredes nuas ficam de refúgio para encostar e puxar o ar para dentro. Com força. Como lá no meio.
3. A Roda dos Metallica: Quando alguém me diz que foi ver estes Metallica ao Rock in Rio ou ao Super Rock, nem me dou ao trabalho de disfarçar a pontinha de superioridade arrogante quando digo que os vi em 93, do alto dos meus dezasseis anos. E agora diria:
Cena 1: estou agarrado à grade de segurança, a separar-me do palco por um fosso, ainda nem sequer é noite, ainda nem começou o concerto da banda que os precede e estou a ouvir o sotaque de Almada do metaleiro velha-guarda que diz "vamos tirar esta chavalada daqui" enquanto soa o "Anti-Social" versão Anthrax nas colunas do estádio.
Cena 2: ...
...mas não digo. A roda é uma zona a seguir à segunda fila de agarrados às grades que, vista de cima, deve ser um átomo de potássio a reagir à agua fervente. É bom, mas é uma excepção. Porque estamos lá. Mas queremos ver os dedos no braço da guitarra, os gestos, a baqueta que voa.
4. O Pogo: o mosh punk hardcore pode parecer violento E É. Mas como é que a gente não se magoa a sério? Não sei. Deve ser a tal sorte que protege os audazes.
5. RDP: Eu, um conas, me confesso. Paguei bilhete para ver os Ratos de Porão de um balcão e nesse dia não estava para aí virado. Perdi a oportunidade. Mas, visto de cima é, sem dúvida, o mais violento que já vi. Para uma próxima, só para dizer que estive lá.
6. Já Velhote - o Industrial Alternativo: Não consigo compreender como é que nem toda a gente curte Nine Inch Nails. No Coliseu de Lisboa, 11 de Fevereiro de 2007, vi algo de que não estava à espera: um concerto apoteótico de abertura de tournée. Três datas em Lisboa e, segundo as crónicas, eu vi o menos conseguido dos 3. Yeah, right, magia é quando é irrepetível e neste até falhou a luz. Passo à frente o facto de o Luizinho estar na bancada a ver de longe e estou com o Kimoto a olhar para o palco à espera da entrada do Trent Reznor. Ao nosso lado, um fato de bom corte esperava com tanta ansiedade como nós. Mais tarde, esse fato seria história.
Pois bem, abriram com o Mr. Self Destruct e ficámos separados. Até logo, Joãozinho, a gente já se vê que eu sei que estás bem. A verdade é que não me senti sózinho e juro que o procurei por todo o lado (com os olhos), mas tenho a recordação forte do fim da primeira música. 90 minutos de futebol numa malha de cinco minutos. Parei, agarrei-me ás coxas e inspirei forte como nunca, os pulmões a abrirem para me deixarem preparar para a próxima, a pele do peito a querer rasgar e a adrelina a circular, que foi um fartote até ao fim.
7. Carcass ou o Death Metal Ácido e Corrosivo da Earache: noventa e quatro, Pavilhão Infante de Sagres, 9 slams, quilos de mosh e nem um ferido. Àquelas duas miúdas que me apararam a queda livre (e isto inclui o par de DocMartins) desde o céu bem alto, o meu obrigado e desculpem lá.
8. Electrónica? Hummmmm...: Prodigy no marés vivas, o ano passado. Vamos lá ver! Resultado: uma bota marcada na testa, uma t-shirt a espremer de suor, o cabelo molhado como se tivesse acabado de saír do chuveiro mas a cheirar menos bem. Quem disse que não se faz mosh com dijays?
9. O Covil do Lobo: Houve um tempo em que Queima das Fitas significava bons concertos de bandas interessantes (às vezes, improváveis). Depois vieram as queimas com cantores entre o pimba e o popularucho e algures no meio uma fase de transição em que aparecia uma ou outra boa banda na semana toda. Foi nesta altura que me encontrei com os Young Gods. Foi quase a segunda vez. A que podia ter sido a primeira passo à frente que o mosh foi outro.
Estou a pedir um copo na barraca onde tinha pedido para me guardarem o casaco. Mas começa a chover e, nesse mesmo momento, ouço
"Soon we will be on your way Say goodbye to yesterday",
deixo o copo, agarro no casaco do meio de uma caixa e corro, corro, corro, atropelo, empurro, peço licença e chego lá, ao meio, a tempo de desbundar o grande riff. De frente para o palco, em boa posição, consigo pôr os pés sobre o estrado da fiarada eléctrica, casa onde voltava nas pausas do MOSH.
REGRETS (por uma razão ou outra, muito importante mas insignificante, ..., não deu): Slayer, Sepultura, Rage Against The Machine e, sem desesperar porque há-de chegar o dia, Ministry
8 comentários:
It's reaaaallllyyyy not my thing. Eu certamente estaria na bancada com o Luizinho a curtir de longe, mas posso-te dizer que com posts destes, dá vontade de experimentar! :)
Confesso que, pelo menos quanto a bandas ao nível de Metallica, também sou gajo de bancada. Das poucas vezes em que me meti no mosh foi por excesso etílico e indiferença para com as bandas que tocavam - ou seja (e é grave a confissão), não tenho a experiência do "mosh para curtir". Isto tem a ver com uma imperfeição antropológica que assumo como minha: pressuponho que quando me empurram, querem fazer-me mal... Mas bárbaro mesmo é o wall of death, a que assisti pela primeira vez no concerto dos Kreator!... Em grande mesmo está este post, que comentarei com mais tempo daqui a pouco.
Taxi, foi precisamente o que a Geni fez.
Filósof, enquanto espero esse comentário deixa-me dizer-te que eu deixo de pressupor que me querem fazer mal quando vejo que não deixam ninguém cair, protegem fisicamente os mais frágeis e se comportam como para curtir e não para magoar. Mas para isso é preciso escolher as bandas. E os moshes. Nesse de Prodigy aconteceu uma coisa engraçada, mas foi resolvida in loco.
Eu sei, é completamente inconsciente... Mas há uma coisa que não queria deixar de notar: com Young Gods? Bah!!!
Mas a 1ª recordação musical que tenho desse Metallica 93 está bem em consonância com essa imagem brutal do potássio na água: o infernal e enérgico war inside my head, dos Suicidal. Que música!!! E aí sim, pura adrenalina.
Hehe, também me lembro do War Inside My Head.
Young Gods é do melhor!
Lol! Young Gods na Queima do Porto... Grande Concerto! Ainda me lembro dos patéticos cartolinhas lá na frente que ignoraram os alertas de que aquilo iria aquecer! E aqueceu!!! Pareciam tolinhos a fugir o diabo LOL!
Um dos maiores "moshs" que enfrentei foi justamente com Young Gods mas no primeiro SBSR... 30 mil a voar e acho que parti o nariz a um gajo... dassss!
Sim, porque eu e o Barbed Wire encontrámo-nos logo na primeira música e não mais nos separámos. Quando dissemos aos cartolinhas "Isto é o covil do lobo" eles tiveram que ver para acreditar... e fugir LOL
Este Domingo no Mundo deve ter parado ao sábado no início dos anos 90 e não reparou no despertar dos jovens deuses!!!!!
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