Li alguns livros dele. Não gostei muito de todos, gostei especialmente menos de um e achei muito interessantes na maioria.
Mas gostei verdadeiramente do Leviathan.
É um daqueles livros que, além de me ter deixado imediatamente apaixonado, manteve-se forte até o acabar, depois de o acabar, enquanto o li a segunda vez (coisa que raramente faço – há tantos livros bons que nunca li) e até agora mesmo.
Estaria (se já mo tivessem devolvido) na mesma prateleira do “Fúria” de Salman Rushdie, ao lado de filmes como o “Fight Club” de David Fincher ou o “Naked” de Mike Leigh.
É um apaixonante estudo sobre a Liberdade, sobre a Revolta e sobre a Frustração, envolvido pela rede de acasos que Paul Auster tão bem tece. Oferece depois, aos críticos da pouca verosimilhança das coincidências, um livrinho vermelho com casos da sua vida que em nada ficam a dever aos da sua imaginação. By the way, um enorme livro de 30 páginas, esse caderno vermelho.
O certo é que passei a gostar menos dos seus livros com o passar do tempo e não tive vontade de ler os dois últimos.
Ontem, apanhei-o na têbê e fiquei por ali. A dada altura do inevitável debate sobre a tomada de posse de Obama, Paul Auster lembra-nos – e traduzo livremente e de memória – que, Bush, há 8 anos, roubou a eleição a Al Gore, numa fraude eleitoral que (ao contrário de outra protagonizada por Nixon) foi pública, visível e fabricada diante de todo o mundo pelos media e pela justiça. E diz que às vezes sente que, nesse momento, entrou numa realidade paralela e que, algures no mundo real, está agora a terminar o segundo mandato de Gore e Obama tomará posse tranquilamente sem ter que resolver nenhum problema Iraquiano, porque nunca “fomos” para essa guerra.
Como este mundo seria diferente se o maior problema dos states fosse a crise financeira…
Imagem roubada a lonelyplanet.com
3 comentários:
O Leviathan é grande livro e o Auster, que também acho que decaiu, continua apesar de tudo um grande crítico e esse reparo é, sem dúvida, muito "austeriano". Continuo a achar, no entanto, e em desacordo, que o Histórias de NY é a obra prima... De resto, vi há poucos dias o último filme que realizou... FRACO, SECANTE, PEGAJOSO!
PS: Esvazia o mail, que te queria mandar umas digitalizaçoes do Público de hoje.
Também gosto muito de Paul Auster. Também como ele me sinto a viver numa realidade paralela. Sobretudo depois de ver, como hoje, mais um discurso de Bush, que se prepara para deixar o posto, a dizer que os seus mandatos tornaram o Iraque um país melhor, um país democrático e amigo dos Estados Unidos.
Imagino quantos iraquianos não terão umas quantas palavras amigas para dizer a Bush.
Bem, não podia estar mais de acordo com o teu post em relação ao Leviathan que, curiosamente, também falta na minha prateleira há já uns anos.
A pertinência do comentário do Auster à realidade americana é plenamente justificada. É preciso não esquecer o que aconteceu nessas eleições.
Mas um gande país como é a América soube corrigir esse erro e deu agora (ainda hoje acho que inesperadamente) o poder a Obama. Uma frase que li esta semana de um analista americano (de origem indiana, creio): a América nestas eleições demonstrou que continua a ser o país que melhor consegue "inventar" o futuro. Quando pensamos em Obama, pensamos no futuro como nenhum outro líder recente, que me lembre, nos fez pensar.
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