Ando para aqui sózinho, este fim de semana, sem táxi que me oriente. Ainda mais melancólico por saber esse táxi em estradas portuguesas. Mas cá me vou desenrascando. Benditos take-away, quero aqui deixar a minha homenagem a todos os traiteurs chineses, japoneses, fabricantes de pizzas e lasanhas, assadores de kebab, preparadores de panini bem como à indústria dos ultra-congelados a martelo, sopas rápidas e ao sempre bom pão-com-queijo doméstico. De modo que alimentado em modo fast, com a ajuda das calorias fornecidas pela sempre presente Super Bock (que vai alimentando o corpo e aliviando o espírito) lá me meti às vindimas. Sério. Não é só bebê-lo, por isso cumpri uma obrigação de consciência e fui até Montmartre onde se celebrava a Fête des Vendanges. No fundo, no fundo suei a subir o belo monte entre milhares de pessoas que paravam para ver tudo e tirar fotografias de tudo e passei altivo por barracas de várias regiões com as suas especialidades vinícolas e alimentares a preços módicos. Para fazer um bom resumo, digo já que a única coisa que ingeri foi uma Heineken comprada a um indiano que tinha o seu balde em frente à catedral. Com ela (a Heineken) me sentei na escadaria enquanto via os telhados da cidade luz e - em grande plano - dois pretos em cima de um pilar a fazer acrobacias com duas bolas de futebol. Acabando (a cerveja) esforcei-me por me pirar. Objectivo: Bastilha. Evento: L'art prend le Bastille. Se a arte vai tomar a Bastilha vamos lá a correr. Barbès-Rochechouart, linha 5, Gare du Nord, linha 1 até à Bastilha. Engraçado, fiz todas as vias férreas de Paris menos as linhas bis (3bis e 7bis) e o RER D. Mas deixemo-nos de àpartes que não é para isso que cá estamos. Chegado à célebre praça, olhei bem para a Opera Bastille (a incluir numa rubrica "Edifícios feios da bela Paris"), passei ao largo até chegar à Rue Lappe e que vejo? um grupo Rock'n'Roll tocava em riffs pesados e rápidos a música que designarei aqui como Música do genérico do Pulp Fiction (vocês sabem do que estou a falar). Vestidos à old school rockers desbundaram a rua e abalaram enquanto tocavam. 5 pessoas, equipamento (colunas, amps, não tinham bateria) apoiado numa espécie de carroça que lhes permitia caminhar enquanto davam música ao povo. Já vi burros de carga mais tristes.
Deixei-os ir e entrei para uma Happy Hour (lembras-te de um tasco em tons de vermelho do lado direito da Rue Lappe? é esse), depois vim para a minha aldeia, onde parei no já conhecido Tournesol para mais uma Heineken. Agora, aproveitando esta solidão de week-end, só uma palavra sobre Montmartre:
Já ouvi de várias bocas que esse quartier é espectacular e "quem me dera viver aqui", e sim, é simpático, é típico e ganhou ainda mais cachet sabendo que era o quartier da Amélie no Fabuloso destino de Jean-Pierre Jeunet. Mas eu digo-vos: não, não querias nada viver aí. É cheio de turistagem, raramente se ouve mesmo falar francês, o trânsito é contínuo, os fins de semana são extremamente barulhentos, pergunto-me se depois de morares lá, as putas e os gerentes da casas de strip continuam a querer puxar-te lá para dentro, se deres uma volta um bocado mais alargada encontras a parte mais podre do quartier, os metros são à pinha, os autocarros idem. Dasss, deixem lá isso, Montmartre dá para desbundar em turismo de sexta à noite e basta. O que, by the way, não vou fazer hoje. Até porque é sábado à noite.
Deixei-os ir e entrei para uma Happy Hour (lembras-te de um tasco em tons de vermelho do lado direito da Rue Lappe? é esse), depois vim para a minha aldeia, onde parei no já conhecido Tournesol para mais uma Heineken. Agora, aproveitando esta solidão de week-end, só uma palavra sobre Montmartre:
Já ouvi de várias bocas que esse quartier é espectacular e "quem me dera viver aqui", e sim, é simpático, é típico e ganhou ainda mais cachet sabendo que era o quartier da Amélie no Fabuloso destino de Jean-Pierre Jeunet. Mas eu digo-vos: não, não querias nada viver aí. É cheio de turistagem, raramente se ouve mesmo falar francês, o trânsito é contínuo, os fins de semana são extremamente barulhentos, pergunto-me se depois de morares lá, as putas e os gerentes da casas de strip continuam a querer puxar-te lá para dentro, se deres uma volta um bocado mais alargada encontras a parte mais podre do quartier, os metros são à pinha, os autocarros idem. Dasss, deixem lá isso, Montmartre dá para desbundar em turismo de sexta à noite e basta. O que, by the way, não vou fazer hoje. Até porque é sábado à noite.
1 comentário:
Montmartre é o bairro boémio mas (como não podia deixar de ser) sujo, a cheirar a mijo, mas Paris! Definitivamente Paris.
Se é a que me lembro é uma happy hour dos tristes, porque é cara como o caraças.
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