Muito do que admiro neste país esteve hoje na rua. A participação política, a irreverência, o espírito subversivo e inquieto, a solidariedade, a luta pela justiça, o valor que se dá ao trabalho e ao descanso, a consciência. Em suma, atrevo-me: a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. Três milhões de pessoas nas ruas, dizem os sindicatos, um milhão, segundo o governo. Muito mais que nas anteriores três e concentrações como a França não via há alguns anos, em todo o caso.
Sarko já não pode fechar os olhos: as diferenças entre o governo e a rua são por demais evidentes. Não se trata de passar dos 60 aos 62 anos ou dos 65 aos 67. Não se trata apenas de não aceitar a esmola que cederam às mulheres com 3 (três!!) ou mais filhos durante a vida activa. Não se discute só o ser velho para os empregadores aos 45, mas jovem para a reforma aos 65. Não se trata das comparações falaciosas com a Alemanha ou a Espanha. Nem das ajudas à banca e a outros sectores do privado. Não se trata da França ser o terceiro país do mundo em número de milionários. Trata-se de tudo isto ao mesmo tempo e muito mais.
Ver reformados a desfilar pelos filhos e pelos netos, trabalhadores a sacrificarem uma porção de salário mas - sobretudo - ver alunos do liceu (e a reforma tão longe) informados, com opinião, a responderem competentemente a entrevistas que não falam de propinas, acesso ao ensino, cantinas escolares ou dificuldades no direito ao alojamente... ver miúdos da universidade que já quotizam para a segurança social porque tem um trabalho que paga os estudos... ver tudo isto torna mais leve a minha nova contribuição para a greve: a minha cara-metade que deveria estar a chegar por esta hora viu o vôo cancelado.
Mas é por uma boa causa.
Fotos - como quase sempre - roubadas. Desta vez a :
http://www.npa2009.org/
1 comentário:
É para aprender a não ir a lado nenhum senão de táxi! The only way to fly! :D
Os tugas também preparam uma greve para o próximo mês, como já não se via há 20 anos: a CGTP e a UGT juntam-se na mesma luta! Força nisso!
Dizem-nos que há que levar no cú diariamente por causa da crise. Mas há que saber dizer que não se gosta!
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