sábado, 9 de outubro de 2010

Voltas (mais)

Ando para aqui sózinho, este fim de semana, sem táxi que me oriente. Ainda mais melancólico por saber esse táxi em estradas portuguesas. Mas cá me vou desenrascando. Benditos take-away, quero aqui deixar a minha homenagem a todos os traiteurs chineses, japoneses, fabricantes de pizzas e lasanhas, assadores de kebab, preparadores de panini bem como à indústria dos ultra-congelados a martelo, sopas rápidas e ao sempre bom pão-com-queijo doméstico. De modo que alimentado em modo fast, com a ajuda das calorias fornecidas pela sempre presente Super Bock (que vai alimentando o corpo e aliviando o espírito) lá me meti às vindimas. Sério. Não é só bebê-lo, por isso cumpri uma obrigação de consciência e fui até Montmartre onde se celebrava a Fête des Vendanges. No fundo, no fundo suei a subir o belo monte entre milhares de pessoas que paravam para ver tudo e tirar fotografias de tudo e passei altivo por barracas de várias regiões com as suas especialidades vinícolas e alimentares a preços módicos. Para fazer um bom resumo, digo já que a única coisa que ingeri foi uma Heineken comprada a um indiano que tinha o seu balde em frente à catedral. Com ela (a Heineken) me sentei na escadaria enquanto via os telhados da cidade luz e - em grande plano - dois pretos em cima de um pilar a fazer acrobacias com duas bolas de futebol. Acabando (a cerveja) esforcei-me por me pirar. Objectivo: Bastilha. Evento: L'art prend le Bastille. Se a arte vai tomar a Bastilha vamos lá a correr. Barbès-Rochechouart, linha 5, Gare du Nord, linha 1 até à Bastilha. Engraçado, fiz todas as vias férreas de Paris menos as linhas bis (3bis e 7bis) e o RER D. Mas deixemo-nos de àpartes que não é para isso que cá estamos. Chegado à célebre praça, olhei bem para a Opera Bastille (a incluir numa rubrica "Edifícios feios da bela Paris"), passei ao largo até chegar à Rue Lappe e que vejo? um grupo Rock'n'Roll tocava em riffs pesados e rápidos a música que designarei aqui como Música do genérico do Pulp Fiction (vocês sabem do que estou a falar). Vestidos à old school rockers desbundaram a rua e abalaram enquanto tocavam. 5 pessoas, equipamento (colunas, amps, não tinham bateria) apoiado numa espécie de carroça que lhes permitia caminhar enquanto davam música ao povo. Já vi burros de carga mais tristes.
Deixei-os ir e entrei para uma Happy Hour (lembras-te de um tasco em tons de vermelho do lado direito da Rue Lappe? é esse), depois vim para a minha aldeia, onde parei no já conhecido Tournesol para mais uma Heineken. Agora, aproveitando esta solidão de week-end, só uma palavra sobre Montmartre:
Já ouvi de várias bocas que esse quartier é espectacular e "quem me dera viver aqui", e sim, é simpático, é típico e ganhou ainda mais cachet sabendo que era o quartier da Amélie no Fabuloso destino de Jean-Pierre Jeunet. Mas eu digo-vos: não, não querias nada viver aí. É cheio de turistagem, raramente se ouve mesmo falar francês, o trânsito é contínuo, os fins de semana são extremamente barulhentos, pergunto-me se depois de morares lá, as putas e os gerentes da casas de strip continuam a querer puxar-te lá para dentro, se deres uma volta um bocado mais alargada encontras a parte mais podre do quartier, os metros são à pinha, os autocarros idem. Dasss, deixem lá isso, Montmartre dá para desbundar em turismo de sexta à noite e basta. O que, by the way, não vou fazer hoje. Até porque é sábado à noite.

1 comentário:

Taxi Driver disse...

Montmartre é o bairro boémio mas (como não podia deixar de ser) sujo, a cheirar a mijo, mas Paris! Definitivamente Paris.
Se é a que me lembro é uma happy hour dos tristes, porque é cara como o caraças.