sexta-feira, 3 de julho de 2009

A pain that i'm used to - Oub'lá!!

Era bonita e boa. Com aquele estilo rebelde, indomável, inacessível. De repente dei por mim com ela. Não sei como é que aquilo aconteceu, não sei quais foram as palavras, qual era a moca, donde veio a atracção (a dela). De repente aí estávamos, naquele tempo havia tardes. Tardes de Sol, tardes de sexo, tardes de bebedeira, tardes de leitura, tardes de palavras cruzadas, tardes de praia, tardes de compras (detesto compras), tardes de toda a vida possível numa tarde. Agora só há noites. E poucas. E curtas.
Sei que fumámos daquela merda. Fumámos um dia. Fumámos no dia seguinte. Fumámos no outro.

Nunca pensei naquilo, só fumava. Fumava porque estava com ela, que era boa. E inacessível. Já tinha dito? Até que dou por mim sentado numa pastelaria entre duas aulas. Naquele tempo havia espaço entre as aulas. Dava para jogar cartas, estudar, beber uma cerveja, ler o jornal, ir às lojas (naquele tempo não havia só a FNAC) "picar" cd's.
Estou numa pastelaria e não estou a pensar em nada de especial. Sei que de repente, vejo a minha perna a tremer, o pé a batucar. Ainda hoje faço isto, mas naquele dia foi uma cena mais louca. Porque parei e pensei:

TENHO QUE FUMAR MAIS DAQUELA MERDA.

(...)

Todos tivémos os nossos ídolos mais velhos. Eu tive (ainda tenho) imensos. Ele era um gajo cheio de estilo, menino rico, mas rebelde, inteligente e com boas notas, mas capaz de pôr um colégio de meninos queques e rebeldes em alvoroço. Sózinho.

Naquele tempo ia-se para casa dos pais dos amigos passar fins-de-semana. Os fins-de-semana não eram exactamente os oásis meio áridos do deserto de merda de vida que se leva. Eram só dois dias em que nos levantávamos mais cedo para fazer cenas mais fixes que apanhar a camioneta para ir às aulas. Nessa manhã, levantámo-nos para ir ao Supermercado com a mãe dele. Ele fez questão de meter duas latas de 7up no carro de compras. "É para misturar com o bagaço logo à noite".
Não sei quantas noites fiz isso e quantos intervalos tive entre umas e outras e a que taxa diminuiram os espaços entre elas. Uma vez disse que já não o fazia há bué e tinha passado só aquela semana. Sei que vou na terceira, é de tarde e ainda não jantei.

VAMOS SÓ ALI BEBER MAIS UMA!

(...)

E encontro-o na pista. O espaço era bonito e surpreendentemente diferente. Era uma antiga casa de strip, mas foi bem transformado. A música era sofrível e o ambiente era o do costume naquela pequena cidade conservadora e fechada. Quando saí com ele da casa de banho, a música estava a bombar, a malta mexia-se, toda a gente sorria, falei com todas as meninas bonitas e empertigadas do tasco e elas respondiam-me cheias de sorrisos. Conversei horas e horas, ri-me que nem um doido e a próxima vez que lá fui já só queria comprar meio grama daquela merda.

(...)

(isto podia contrinuar mas vou ter que vazar, acabo o cigarro e este meio-copo de tinto e já venho)

2 comentários:

Taxi Driver disse...

Pois fuma-se mais um, e mais meio-copo e já voltas... A história repete-se! ;)

bartleby disse...

Só curtiçon!!!