Coisas que adoro neste país

Acabou agora mesmo um programa na France 3 que revive momentos de televisão, programas, assuntos, pessoas.

A emissão de hoje era dedicada ao programa "Apostrophes" de Bernard Pivot, esse mesmo, do "Boião de Cultura" parodiado pelo Herman e por Victor de Sousa no seu Parabéns.
Alguns deliciosos bocadinhos de arquivo:

• Daniel Cohn-Bendit, o instigador do Maio de 68 perora sobre os benefícios das drogas leves. Dani le rouge, guedelhudo, lenço no pescoço aponta o dedo ao jovem um conservador de fato e gravata que o acusa do só falar do Maio de 68. Resposta pronta: "Não, não, eu vivo-o". Depois, a propósito de não sei quê, diz que fazem falta as "partouses", muitas e fala da diferença entre ouvir música com e sem charro. Diz que há uns bolos de haxixe fantásticos. "De resto, comi um antes de vir para aqui e sinto-me super em forma, descontraído, relaxado." E depois: "Estar numa praia do Brasil, completamente charrado (peté, dizem eles) a olhar para o mar e ouvir o samba (sambá, dizem eles), não há nada comparável - e eu nunca foi ao Brasil, isto é tudo imaginação", remata, magnânimo.
  
• Soljenitsine, no exílio americano, a cortar lenha com os seus 65 anos (e um machado) e a falar dos seus métodos de escrita
• Um monárquico (hehehe, até aqui) a levar uma carga de lenha por dizer a espécie de idioteiras que eles dizem todos, seja aonde for.
  
• Roman Polanski a contar, em frente a Mastroiani e a Truffaut que o Marcello conheceu a Catherine Deneuve em sua casa. E Truffaut a dizer que adoraria fazer um 007, mas o primeiro 007 deficitário.
  
• Bukowski himself, a cair de bêbado, cigarrilha a arder na mão, tenta chegar às coxas de uma cota de estilo beata (toda chocada esta espécie de irmã Lúcia bem como alguns outros convidados, apesar de um deles deixar escapar, que "c'est un compliment"). Bukowsky acaba por ser levado em braços sem ter dito nada de jeito e de passagem massaja a respeitável cabeleira branca de um outro convidado. Pergunta: "Porque é que não lhe deram água?" Pivot: "E demos, mas ele trouxe a garrafa dele". "Pensei que tinham sido vocês"

E mais..., mas - em suma - uma moca, com o pormenor adicional dos cigarros a acenderem-se e a fumarada sempre presente.