sábado, 28 de fevereiro de 2009

Jazzzzzzzoooouuuuuu

O RITMO

Foi o primeiro baterista que conheci, o primeiro com quem toquei na minha curta passagem (como actor) pelo mundo da música. Lembro-me do dia em que o Filipe me levou a casa do puto que tocava enquanto marcava as batidas com a boca. "Parece o Lars Ulrich, vais ver!" Ficamos por ali uns tempos e chegámos a tocar num bar de motoqueiros numa vila piscatória depois de sermos insultados (as usual) pelo tipo que fazia o som. Foi bem bom, enquanto durou.
Entretanto, o puto cresceu. Como baterista também. Além de me dar a honra de ser um amigo que estimo e admiro, tornou-se um baterista com aquela classe que o dispensa de fazer tudo aquilo que sabe quando está em palco (ou em estúdio). Está no seu canto, de onde - ao contrário dos outros - não pode fugir, mas não passa despercebido. Porque cumpre. Mas também acrescenta. Muito. E bem.

O ARQUITECTO

Um velho colega de colégio. Nunca fomos da mesma turma, mas recordo algumas agradáveis viagens em algumas desagradáveis manhãs. Conversas que aceleravam o autocarro até à Batalha. um cd por ele gravado também acelerou o meu leitor. Emprestei-o a alguém que nunca me devolveu. Quem?
Entretanto construiu as pistas sonoras que serviam de base a este trabalho e, quando libertado da escravatura do PC com a ajuda do Luís, passou a assumir a cem por cento a mestria da guitarra em palco. E a batuta da banda.

O FRONTMAN

Mercedes. Tantas da manhã. O Cérebro um pouco toldado pelo alcoól, o fumo - na altura permitido - a encher o espaço, e o grupo que dança no meio da pista. Éramos muitos (uns vinte, arrisco) mas ele era o centro, porventura sem se dar conta.
A camisa aberta a cobrir aquele corpo magro, a careca precoce e a barba cheia. Os movimentos de dança entregue (joy division?)... Senti que a sala dançava à volta dele. Não foi a última vez que o senti. É um personagem singular. TaLvez no fundo se saiba superior, mas nunca o demonstra.
Talvez desista antes de começar quando sabe que vai ganhar. Talvez simplesmente não tenha interesse em ganhar. Nem em perder. Nem mesmo em jogar nada que não sejam os seus inofensivos mas acutilantes mind games.
Se na sua passividade ele conseguiu pôr a nave central da "capela" a rodar à volta dele, PÁRA TUDO AGORA!!
E estamos num concurso de música de província. A audiência está composta. Es estou a ouvir o som. Hipnótico. Entorpecedor. O charro ajuda.
Câmara lenta.
Pára tudo. Ele levanta os braços, a t-shirt vermelha no escuro.
E explode.
E explodimos todos com ele.

O SOM

Dois concertos invulgares são talvez os mais marcantes. Ou não. Nunca sei. Como em todas as bandas de que gostamos, gostamos mais daquilo de que gostamos mais agora.
Mas o concerto no L'Interdit há-de ficar p'rá história. Bar de parvónia (apesar do excelente nome) e malta da parvónia; e o nosso homem, imperturbável, ao lado do bêbado que, na sua convulsão, invadido o palco, se espeta com estrondo contra a bateria.
Aquela combinação electro-escura onde ainda se "respira o velho metal" chegou a fazer uma perninha num festival do dito.
Arrume-se a bateria electrónica, ponha-se um bombo duplo e baixem-se os efeitos de apoio.
Acabamos com a voz rouca.
Ouçamos...

NOTA: Se alguém me ensinar a meter som nisto, eu ponho aqui a "Hard Station".

9 comentários:

Taxi Driver disse...

Fdx! Que grande homenagem aos Jazzuuuu, oh Touze!
For what it's worth, os Blow Jeannie também mereciam uma igual! ;)
Same kind of people, same kind of cool sound!

DomingonoMundo disse...

Que grande texto, Eng.!!!

Anónimo disse...

O Eng. também é poeta, profeta e pintor!

Bela posta, discutida às tantas da manhã no tendalhão! :o)

Anónimo disse...

Será dificil fazer melhor...grande texto e grande homenagem!

Anónimo disse...

Será dificil fazer melhor...grande texto e grande homenagem!

Amil Neila disse...

LOL! No tendalhão? Às tantas da manhã? Que honra.
Obrigado, Filosóf, que elogio para um tipo que mal alinhava uma concordância verbal

Amil Neila disse...

Bienvenue, Sanchita, aparece. Beijinhos

bartleby disse...

Subscrevo os elogios; mas... que história é essa de "Mercedes. Tantas da manhã. O Cérebro um pouco toldado pelo alcoól, o fumo - na altura permitido - a encher o espaço"!!! Na altura permitido? Nunca deixou de ser permitido Touze!

Amil Neila disse...

LOL! Na altura permitido em todo o lado. Tens razão, LOLLLLLL, que gafe! Whatever, depois deixou de me ser permitido hehehe