domingo, 17 de julho de 2011

Potverdahm (ou lá como é que se escreve)

Continuamos a conhecer os nossos vizinhos. E a queimar dias de férias. Este fim-de-semana (prolongado a talhe de ponte): a Bélgica, esse país em vias de extinção. Antes que o diabo as teça e só possamos dizer que fomos à (República da?) Valónia ou à Flandres. Fizemos essa concessão de passar o 14 de Julho num reino. O que quer dizer que demos à troca os Bailes dos Bombeiros, o desfile nos Champs, o fogo de artifício e uns dias de Sol. Sim, porque o Verão dos belgas é muito estranho: apesar de tudo ter estado muito organizado nunguém se lembrou de mandar vir Sol e calor num fim de semana do miolo do Verão. Por isso, vimos o filme da chegada a Lille debaixo de uma chuva miudinha e irritante. C’est le Nooooord. De lá fomos levados pelos nossos amigos a Brugges.
Há quem diga que tem o defeito de ser demasiado bela. Dá para perceber. É extremamente preservada, parece uma casinha de bonecas, quase dá medo de estragar (foto 1 e outras tantas dezenas – nota: há um papel no chão… Mau!). Creio que um belga que exagere na cerveja e chame o gregório no meio de uma daquelas ruas tem direito a prisão perpétua. E já agora, como se chama o gregório em flamengo? Grjegorjzk ou outra coisa qualquer com jotas e zês e perdigotos para todo lado.

Choveu todo o dia. Choveu toda a noite. Houve tréguas no dia seguinte e fomos a Damm. Damn cute: parece uma cidadezinha costeira. E já foi, mas o mar recuou. Há moinhos de vento, há mexilhões e cerveja, muita. Provámos a Brugse Zot (boa!), provámos a Jupiler (menos belga, parece a nossa Super), provámos a Bush (12 graus) e provámos outras tantas, mas às tantas já não sabemos dizer se são boas ou não. Nota mental: para a próxima temos que provar com mais parcimónia.

Também andámos nos arredores de Brugges, numa zona rural cheia de vaquinhas, ovelhinhas, cavalinhos. Comemos carne de vaquinha e queijo de ovelhinha. Não provámos o cavalo, mas não queremos provar carne de um animal com mais personalidade do que este vosso criado (nota colateral: deixar de comer polvo. Gostamos muito, mas não queremos mastigar animais mais inteligentes do que nós).

A noite é bonita. O pessoal bebe muito, mas não faz barulho. À uma da manhã, pouca gente se vê na rua (ler de “…parece uma casinha de bonecas, quase dá medo de estragar” até “perpétua”. Na sexta-feira os nossos anfitriões prepararam-nos um jantar de Moules et Frites, o ponto máximo da culinária deste plano país que visitámos. O modus operandi é o seguinte. Metem-se umas dezenas de mexilhões num prato. Num prato ao lado mete-se um quilo de batatas fritas. Temos o molho de mexilhões e a maionese para as fritas. Afoga-se cada mexilhão naquela coisa. Manda-se a concha para um prato ao lado. Mergulha-se a batata frita no molho dos mexilhões. Depois afoga-se na maionese. Vai-se bebendo vinho ou cerveja. No fim, mede-se o colesterol e começa-se com a dieta e os comprimidos.

O nosso amigo Philippe deixou-nos ao fim da tarde para ver uns amigos. Deixámo-lo ir. Acho que eram uns dez. A tradição é que cada um paga uma rodada. O nosso amigo deveria trazer outro amigo para os mexilhões. Deveriam chegar às nove a casa dos pais da nossa amiga. Chegou o Philippe sózinho com um sorriso nos lábios e um bocado entaramelado mas não muito declarou que o amigo se sentia bastante tocado com o convite, desejava uma boa noite mas não gosta de mexilhões.

No dia seguinte passamos por umas lojas para nos abrigarmos da chuva. Decidimos deixar uma amostra da nossa arte numa loja de Brugges. É bonito! Espero que apreciem o aproveitamento dos materiais disponíveis numa obra plena de intenção e mensagem que expressa um sentimento de impotência do homem moderno face à crise económica que nos manieta enquanto tenta (o artista, não a crise) observar os valores fundadores da sociedade ocidental e combater uma pontinha de ressaca. Carreguem em cima com o botão do meio do rato. Estou orgulhoso...

À noite fomos à Gent Fiest. Conduzimos o Peugeot 406 Coupé do pai da amiga. Gostámos. Este carro transporta uma certa mística. Transporta também quatro amigos que vão beber copos para a Festa de Gent, mas não posso aqui fazer uma apreciação correcta das performances do veículo: a caixa automática, a chuva na estrada já molhada e o pouco domínio do Código da Estrada em Flamengo impediram-me de testar a potência do motor. Lanço daqui um apelo ao João Catatau: para quando a tradução revista e adaptada com novo acordo ortográfico e tudo? Fica a ideia…

Em Gent fomos jantar a casa de uns amigos dos amigos. Aí uns vinte. Chovia estupidamente. Saímos de casa para a festa ainda de guarda-chuva na mão. Felizmente este vosso palhaço teve um flashback de peiote amazónico e conseguiu lembrar-se da dança da chuva que executou em sentido inverso.

Ninguém viu…

Conclusão: quando chegámos ao belo centro da bonita Gent, a chuva tinha parado. Mas não a cerveja. Tivemos pois a oportunidade de testar mais umas marcas e o mojito local. Temos uma vaga noção de que o mojito era fraco e levava água das pedras.

Também temos uma vaga dor de cabeça, mas a viagem de volta em 3 comboios diferentes e a chegada a Paris COM SOL ajudou a acalmar.

Conclusão: viagem a repetir (talvez depois da separação da Bélgica que assim podemos fazer dois países pelo mesmo preço), gente muito hospitaleira, simpática e divertida, muita cerveja (onde é que eu já vi isto) e chuva que Deus a dava. Bem, dúvido que isto possa ser confundido com um poste de blog de gaja, mas já que falei de cerveja e de carros,uma palavra para as Belgas: não são nada más à vista, embora não tenhamos provado.

1 comentário:

privada disse...

:_))))))))))))))))))))) Eh pá, não será melhor visitar com urgencia Portugal?