quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fim-de-semana Prolongado em Quatro Actos

Já há tempos que não vos conto nada do que faço. E não é que ande a fazer mais ou menos, é só a preguiça e a desinspiração e as tentações (o solitaire com um álbum dos preferidos nos phónes); o cigarro que meti na cabeça que não fumo neste PC – remember que parti o LCD e agora o tenho ligado a um monitor gigante que não me apetece levar para outro lado a menos que seja para ver um filme? Tá para aí escrito em qualquer lado; os livros que ando a ler e que normalmente são bons comó caralho e não dá vontade nenhuma de escrever nem a lista do supermercado; um blogue que descobri e ando a ler da frente p’ra tràs (vou em 2008)). Já dei mais desculpas do que as necessárias. De resto, até tem havido “Portugal dans la presse” (último do Oliveira com grandes críticas, crise económica, eleições), tem havido umas incursões muito fixes ao 20ème (o norte d’África bem no extremo oposto do meu bairro), houve um festival sónico em La Villette, houve dEUS no Flêche d’Or, onde já tinha havido The Dears, houve Fête de la Musique ontem (onde vi uns metaleiros a rasgar no meio da rua, batalha perdida contra a calvície mas a resistente juba para trás das costas); houve uma viagem relâmpago a São Paulo antes da Multinacional dos Ares Etéreos nos pedir para acalmarmos um bocadinho as viagens para conter um naco os gastos gerais (o accionista primeiro! (agora cada vez que tenho dúvidas sobre o novo acordo ortográfico escrevo na formulação de oitocentos para ter a certeza de não me vergar)). Em suma, houve algumas cenas, mas não me apetece contá-las. E este ainda não começou e pergunto-me se vai ficar eternamente nos drafts ou se vou mandá-lo. No fim eu digo-vos.

Então no outro dia – e para ir straight to the point – fomos numa road trip a dois para aproveitar um feriado com ponte. 2, 3, 4 e 5 de Junho. Pequenas impressões recolhidas, muito rápido para não maçar os meus três leitores:

Primeiro acto: Reims, Metz, Strasbourg, Colmart

Uma catedral com uns vidros de chagall (Hey! Quem és tu? Prefiro saber…), um jardim da Gestapo cheio de placas de Resistentes assassinados pelos Boches.

Uma cidadezinha a que voltamos uns anos depois, uma cidadezinha que me parece muito mais rockenróle que Paris (que tem muito pouco de rockenróle by the way) com lojas de discos, cartazes de bandas alternativas, noites de metal, anúncios a procurar vocalista, étecétera.

Uma cidade com catedral e canal onde andámos quilómetros à procura de um hotel barato quando nem os caros tinham lugar. Mas encontrámos, rais parta se não encontramos.

Uma cidade onde parámos para comer uma cena que agora não me lembra o nome mas é tipo uma pizza com massa muito fininha muito quentinha com uma boa cervejinha. E havia bués pessoal nas ruas e uma espécie de festa e muitos alemões e putos a berrar e Sol.

Segundo acto: Basileia

A Suiça “é plana”, as gajas cheiram bem, passam e sente-se cheiro a perfuminho (ou talvez seja de estar habituado a Paris, não sei), há uma praça com tascos e boa cerveja e à noite vê-se carros de alta cilindrada a acelerar até à próxima passadeira e um velho bêbado a meter-se com toda a gente e vêmo-nos à rasca para encontrar o Rio Coiso (mas encontrámos e nas margens é só pessoa a beber e a deitar lixo para o chão). Fodasss, todos os clichês caíram literalmente por água abaixo, até a entrada na fronteira fizemos questão de passar a ouvir Young Gods que são de Genebra. Vá lá que encontrámos quem venda canivetes. Depois há um tram muito fininho que passa a horas o que não é mau para vermos que afinal há ordem no universo. E depois de muito procurarmos (the story of my life) lá encontramos um poiso para mochileiros que estava à pinha e nos aconselhou um Hostel YMCA. Não é coisa que dê vontade, depois da música daqueles paneleiros e das estórias contadas por George Orwell na “Penúria”, mas o sítio era limpo e havia um quarto em conta se o partilhássemos com mais 3 pessoas. Claro está que com a sorte que temos eram 3 gandulos (um deles com idade para ser meu pai – ou, vá lá, tio – e que era italiano e prof numa secundária dali) e dois deles ressonavam (ressonavam em stéreo mas em músicas diferentes e fora de ritmo) e outro – o que não ressonava – era um americano simpático que nos avisou só para avisar que se ia levantar às 5 da manhã para apanhar o avião para não sei onde (não sei onde é uma cidade na Itália com não sei quantos habitantes). Logo que ele se levantou nós fomos para aquela área comum que tem televisão e livros escritos em alemão e jogos de mesa e ficámos a dormir numa espécie de sofá com as nossas almofadas até começarmos a ter pessoal a olhar para nós e serem horas de faltar trinta segundas para o fim da hora de pequeno-almoço (um café, um sumo de laranja e mais nada que já não havia cruássás). Nas estórias dos meus heróis, neste tipo de cena eles ficam sempre a dormir num quarto com três italianas simpáticas e aleijadinhas de boas, levemente ninfomaníacas e a namorada deles não é ciumenta…

Terceiro Acto: Freiburg, auto-estradas de França, Alemanha, até ao Grão-Ducado

Quando saímos desse neutro país esquecemo-nos que não tínhamos comprado o íman nem a t-shirt, nem gravado os roncos dos nossos amigos para o pessoal se acreditar, mas ao menos bebemos cerveja Suiça (BOA!) e comprámos um canivete (para oferecer!). Metemo-nos numa estação de serviço alemã, onde a alemã da caixa me vendeu um croissant alemão caro e foleiro e fomos para as auto-estradas alemãs onde – na dúvida se havia limite de velocidade ou não – fiz de conta que não. E aquele carrinho alugado até que se desenrascava bem. Depois parámos em Freiburg onde – para ser um bocado alemão – comemos umas salsichas enormes num pão (e depois comi outro só para não dizer que coise) e para falar a sério nem sei se bebemos uma cerveja alemã porque foi visita de médico e andava bué de pipol na rua porque era festa (ou então preparavam-se para queimar lojas de judeus ou de gregos ou portugueses, um costume local que dá de trinta em trinta anos). Também não comprámos iman só para os foder e para não lhes dar os nossos Euros que são os mesmos deles mas sem a Porta de Brandeburgo. Depois lançámo-nos à estrada onde – na dúvida se havia limite… – já sabem… e mesmo um bocado antes de começar a chover paramos numa terra de degredo chamada Saarbrücken só para termos o prazer de estar numa cidade com trema e – finalmente – beber uma súrbia alemona. E bebemos, ai não que não bebemos.

Quarto Acto: Luxemburgo: chuva, copos e um subúrbio com cama na cozinha

Antes do Luxembrugo começou a chover em grande. Nunca tinha ouvido dizer que nas auto-estradas do Luxemburgo se podia andar a que velocidade quiséssemos, por isso (por isso e porque não vos contei mas apanhei uma multa de estacionamento na Alemanha – tenho que a colar aqui na parede do escritório, por falar nisso) fomos nas calmas. Depois chegámos e a nossa pequena taxista tinha lá duas amigas, no less. Uma reservou-nos o restaurante (parece que queria um Luxemburguês que estava fechado e por isso acabou por ser um… adivinharam!). Outra reservou-nos os bares de copos e um sofá-cama na cozinha (!!!). Bem, o restaurante serviu-nos uns camarões tigre flambés de chorar por mais. Também nos serviu Super Bock e Mateus Rosé e um Vinho Branco que já não me lembro (ando cansado…).

E os bares de copos serviram-nos copos. Ainda fomos a um muito típico onde um tipo martelava um piano e um monte de pessoal cantava música típica do Luxemburgo e outra que não era típica do Luxemburgo. Houve mesmo um méne (muito típico do Luxemburgo) que me perguntou como é que eu conhecia aquele bar tão típico do Luxemburgo e que tinha muita sorte em o ter descoberto sendo um tuga vindo do Paris. Pelo sim pelo não afastei-me do gajo e fui-me sentar. E depois tive que ir levar uma amiga da amiga a uma casa suburbana, mas tão suburbana que nunca mais chegávamos. E depois voltei para outro subúrbio, o da amiga (por sinal uma húngara que já poisou por aqui por casa há uns tempos com um namorado meio marado. Cá se fazem, cá se pagam).

E é isto o Luxemburgo, para o caso de algum dia quererem saber. Então pirei-me, levantámo-nos cedo mesmo depois da noite de copos e abalámos com paragem para petit-déj numa cidade francesa manhosa. Como é que se chamava aquela coisa? … … … Pera, vou ali ao gmaps e já venho… Thionville (lembrei-me mesmo antes de meter “destino: metz”.

Epílogo: Paris, France, meter gota, entregar o carro e casa que amanhã há trabalho

Como temos sorte, mas não há sorte que venha sem trabalho (levantarmo-nos à dez da manhã de ressaca e sem guronsan e mesmo sem café fazermo-nos à estrada não é p’ra todos) conseguimos chegar a Paris a meio da tarde, mesmo antes das auto-estradas de acesso e do Périph ficarem todas congestionadas com os Franciús que vinham todos de fim-de-semana e mesmo antes de começar uma tempestade com montes de chuva que obrigou algumas estradas a ficarem completamente bloqueadas.

Digam lá que não foi bem planeado!?

E prontos, no dia seguinte trabalhar. E trabalhar, não sei se já vos disse, é uma meeeerda tão seca que às vezes preferia ter nascido rico. Olh, e sabem que mais? Vou mesmo publicar o post só por esta última frase que tanto vos aproveita.

Fotos: não há fotos

3 comentários:

DomingonoMundo disse...

Como descobriram que eu precisava de um canivete?

Amil Neila disse...

Pelo tamanho das unhas!

privada disse...

Altamente, tipo Telma e Louise, ei pá, é muita sorte a V.